Na semana passada, em meio ao retorno gradual ao ensino presencial, por um lado, e a continuidade de movimentos de pais e educadores contrários à volta às aulas nas escolas, por outro, GZH perguntou a seus leitores: o que você pensa sobre ensino remoto e aulas presenciais na pandemia? Os estudantes estão prontos para retornar às escolas e seguir os protocolos de segurança? Os professores conseguiram se adaptar às aulas online, estão em condições de voltar para as salas de aula? E os pais veem mais vantagens ou desvantagens nesses formatos?
A ação recebeu, até o final da tarde desta terça-feira (13), quase 600 respostas de pais, alunos e professores de todo o Rio Grande do Sul. As mensagens vieram de famílias preocupadas e esperançosas, alunos receosos e entusiasmados, educadores contrariados e inspirados: uma variedade de opiniões que marca o atual cenário da educação no Estado em todos os seus níveis.
Entre os alunos, 74% responderam que ainda estão tendo aulas apenas remotamente. Já 88% dos professores informaram que têm lecionado exclusivamente online até o momento. Entre os pais, 93% afirmaram que seus filhos são adeptos do ensino remoto atualmente.
Muitos foram os integrantes da comunidade escolar que relataram como têm sido suas experiências neste momento atípico para o ensino, envolvendo adaptação constante e muitas preocupações devido à pandemia do novo coronavírus. Em meio a muitos depoimentos, GZH destacou alguns para ilustrar o que pensam seus leitores.
Confira:
Você conseguiu se adaptar ao ensino remoto? Como foi?
Adaptei-me razoavelmente, ainda tenho muita dificuldade em sentar e assistir mais de 1 (uma) hora na frente de um notebook.
Lucas Taborda Cunha, 23 anos (Porto Alegre)
Não muito, prefiro presencial por questão de concentração.
Alessandro, 29 anos (Porto Alegre)
Não tenho dificuldade em lidar com tecnologia, já conhecia a maioria das ferramentas. Minha não adaptação fundamenta-se na impossibilidade de atingir os objetivos educacionais em regime exclusivamente remoto. Sou um professor que acredita na relação dialógica entra alunos(as) e professores(as). Isso significa que entrar em uma aula virtual através do Google Meet com três discentes de um total de 30 é desesperador e ao mesmo tempo humilhante. E o pior, dos três, muitas vezes dois estão dormindo com o celular do lado do travesseiro.
Matheus Zambiasi Roliano, 29 anos (São Leopoldo)
Sim! Ao longo desses seis meses de pandemia o ensino remoto foi se aprimorando, novas tecnologias foram sendo conhecidas e aperfeiçoadas e, hoje, posso afirmar que uma tela de computador já não é mais uma barreira para que o conhecimento chegue aos alunos. Nossa rotina foi bagunçada, nosso espaço ganhou outro conceito, mas uma coisa é certa, a escola nunca parou!
Cristiane Bristot, 32 anos (Nova Prata)
Como essa adaptação afetou a sua rotina e a de sua família?
Mesmo com a necessidade de aprender a utilizar novos programas, a demanda de trabalho diminuiu, pois posso gravar um vídeo e utilizá-lo para diferentes turmas, se o conteúdo for o mesmo - o que me poupa tempo. Além disso, no estabelecimento em que trabalho, os professores foram recomendados a trabalhar menos conteúdos e fazer menos avaliações do que o normal, para não sobrecarregar os alunos. Assim, de modo geral, estou com uma carga de trabalho menor que a habitual.
Jonathan Henriques do Amaral, 34 anos (Bento Gonçalves)
Afetou bastante, pois estou trabalhando 3 x mais que o normal! Quase que 24 h por dia.
Guilherme Menezes de Amorim, 36 anos (Canoas)
Afetou positivamente pois pude fazer o distanciamento social e ficar mais próximo da minha família.
Samuel Basso, 36 anos (Porto Alegre)
Afeta em tudo. Infelizmente não há mais horário certo de trabalho. Os alunos fazem contato de acordo com o horário e o dia em que eles conseguem. Das 20h semanais que cumpria na escola, por mais que o planejamento e as correções das atividades sejam feitas fora destas 20h, não exigia uma carga de trabalho tão extensa e desgastante. Hoje, trabalhando de casa, tem dias que passo das 8h às 22h em frente ao computador atualizando planilhas, verificando formulários e atendendo alunos e pais. Não há mais divisão entre trabalho e entretenimento. É como se estivesse trabalhando o tempo todo.
Aline de Abreu da Luz, 38 anos (Esteio)
O que é o jornalismo de engajamento, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que coloca o público como protagonista da notícia, criando uma troca positiva e impactante na comunidade. Queremos abrir ainda mais espaço para que você, leitor, possa participar da construção do nosso conteúdo desde a concepção até o feedback após a publicação.
Como engajamos o público?
Convidamos nossos leitores a participarem da construção do conteúdo pelas redes sociais, monitoramos o que é discutido nos comentários das matérias e publicamos formulários que dão espaço a dúvidas e sugestões.
Você sente alguma vantagem ou desvantagem em comparação ao ensino presencial?
A vantagem é que a família tem que estar presente no ensino. A desvantagem é que as crianças não querem fazer as atividades com os pais e os pais não se impõem diante das crianças ou não têm paciência.
Milca Laai Dos Santos Bortoluzzo, 39 anos (Uruguaiana)
Existem inúmeras desvantagens. Mas ainda acho mais viável do que o ensino presencial nesse momento.
Gisele Picada da Costa, 40 anos (Porto Alegre)
Total vantagem! A educação saiu do tradicional e foi para o digital, que é a demanda do mundo de hoje! Os alunos ganharam internet patrocinada e quem não tem recurso busca o material na escola e também, na escola, tem computadores mediante hora marcada. Na verdade, a postura do aluno não mudou, pois quem nunca fez nada na sala presencial arrumou a desculpa perfeita e quem sempre fez está indo atrás e se superando.
Juciane Teixeira, 40 anos (São Leopoldo)
Tenho clareza de que o ensino presencial é muito mais eficiente, porém o momento que estamos vivendo fez com que nossa vida toda mudasse, o ensino foi só uma de suas mudanças.
Lisli, 40 anos (Porto Alegre)
Gostaria de seguir nesse formato ou prefere voltar à sala de aula? Por quê?
Voltaria, se houvesse segurança sanitária. Tenho lembranças muito boas das aulas presenciais, mas entendo que não serão iguais às de antes da pandemia. Por isso, pelos protocolos a serem seguidos, por toda organização que a escola deverá impor, sinto receio em voltar a dar aulas presencialmente.
Ânia Dóris Reis Nunes, 41 anos (Porto Alegre)
Eu prefiro este formato híbrido/remoto. Os alunos estão mais atentos. As aulas rendem muito mais, pois ela se torna focada no conteúdo. Não tendo espaço para distrações e conversas paralelas. Uma hora de aula no Meet rende muito mais que duas horas dentro de uma sala de aula.
Juliano Batianello, 42 anos (Gravataí)
Prefiro retornar. Bem mais provável que os ensinamentos sejam compreendidos, mas se tiver que seguir assim, merecemos uma ampliação remunerada. Muitos pais e alunos chamam fora de meus horários de trabalho, mesmo eu pedindo para que respeitem meus horários privados.
Sidinei Olimar Filipin, 42 anos (São Martinho)
Gostaria de continuar o trabalho remoto até o final desse ano letivo, iniciar o ano de 2021 presencial, assim teremos mais segurança.
Janaina Silva, 42 anos (Uruguaiana)
Qual a sua opinião sobre o ensino remoto?
Gostaria que tivéssemos a opção de ser permanente.
Luciane Aguiar, 42 anos (Porto Alegre)
Na atual situação da pandemia acho que é o melhor que se pode ter.
Lisiane Viel, 42 anos (Porto Alegre)
Na escola do meu filho está muito bem organizado. E neste momento acho a melhor opção.
Patrícia Araujo Cardon, 45 anos (Porto Alegre)
Acho que não estávamos preparados mas professores, alunos e famílias evoluíram. Ainda podemos melhorar mais.
Denise Jacques Lagranha, 47 anos (Porto Alegre)
Você tem alguma dúvida sobre a decisão do Conselho Nacional de Educação que ampliou o ensino remoto para 2021?
Não tenho dúvidas. Acho que foi uma solução inteligente ao fazer isso, pois permite que professores com comorbidades tenham a opção de não voltar à sala de aula sem uma vacina e ajuda as escolas a tomarem alguma decisão sobre como será o próximo ano letivo.
Heston Silveira, 49 anos (Viamão)
Não. Entendo que a situação possa não estar totalmente resolvida até o início do próximo ano letivo, então está corretíssimo antecipar medidas para não pegar mais ninguém de surpresa.
Luciana, 50 anos (Porto Alegre)
Não. Inclusive acho muito sensato. Acredito que deveríamos estar pensando, juntamente com nossos gestores, em como retornar em 2021 com segurança, de modo que ninguém seja prejudicado.
Clarice Portilho Daudt, 51 anos (Porto Alegre)
Achei correta a proposição. O ano letivo de 2021 terá que ser planejado pensando na melhor forma de retomar os quesitos que, certamente, ficarão pendentes no ano letivo de 2020.
Loreci Oliveira Bereta, 54 anos (Porto Alegre)