A Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) do governo do RS propôs que a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) assuma a estrutura da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) do Estado. A fundação está em processo de extinção desde 2018. A estrutura abrange oito áreas de pesquisas, 25 laboratórios e mais de 100 equipamentos.
Segundo o secretário-adjunto da Sict, Fernando Mattos, a prioridade era usar a área da Cientec para viabilizar a construção de mais presídios, mas isso não foi adiante.
— Havia uma prioridade de se permutar a área da Cientec por presídios, pela urgência da questão da segurança. Mas há cerca de 10 dias, recebemos um dos possíveis parceiros para fazer a operação de permuta se desinteressou, o que abriu uma possibilidade de outra operação envolvendo a área da fundação — explica Mattos.
A ideia foi detalhada nesta semana em reunião virtual do Conselho Universitário da Uergs (Consun) por Mattos. Segundo ele, a ideia foi bem aceita pelo governador Eduardo Leite, que pediu mais detalhes de como se daria o processo.
No final de agosto, um acordo judicial destinou parte dos laboratórios da Cientec para a Uergs. A reivindicação por esse acordo foi liderada pelo Sindicato dos Engenheiros (Senge-RS), com apoio de pró-reitores e professores da universidade, além de pesquisadores da fundação. Entretanto, o custo para transferir os equipamentos seria enorme, segundo avaliação da Sict.
— Isso acabou caindo como uma luva. Poderemos fazer uma enorme economia de recursos sem precisar mudar de local os materiais, com enorme risco de perda. Ao mesmo tempo, é uma grande oportunidade de reposicionamento da Uergs, voltada mais para pesquisa e inovação tecnológica — afirma o secretário-adjunto.
Uergs deve apresentar projeto
Também conselheiro da universidade, Mattos lembra que a instituição paga aluguel pelos dois prédios que ocupa na Capital — os valores giram em torno de R$ 270 mil por mês. A sede da Cientec, segundo o governo, seria capaz de absorver a operação da Uergs em Porto Alegre, reitoria e campus.
— Essa transferência significa que um patrimônio intelectual gaúcho de mais de 75 anos, a Cientec, vai potencializar a nossa universidade estadual nos eixos de ensino, pesquisa e extensão. Não podemos perder essa oportunidade — comenta o engenheiro João Leal Vivian, diretor do Senge-RS.
Para a operação se concretizar, várias outras etapas são necessárias. Além de uma análise mais detalhada dos dados, a extinção do CNPJ da Cientec e o repasse da estrutura para o Estado são necessários.
Enquanto isso, à Uergs foi solicitado um projeto detalhado de como se daria o aproveitamento das áreas de pesquisa, laboratórios e demais equipamentos. O Senge-RS também enviou projeto com sugestões para melhor usar a estrutura. A universidade foi procurada pela reportagem para se manifestar, mas não retornou até a publicação.