O cronograma proposto pelo governo do Estado, prevendo a volta das aulas presenciais a partir do dia 31 de agosto, vem provocando polêmica e debates no Rio Grande do Sul. O calendário é rejeitado por prefeitos e divide opiniões entre pais, alunos e professores.
Profissionais que estão na linha de frente no combate ao coronavírus, como o infectologista Alexandre Zavascki, que atua no Hospital Moinhos de Vento e leciona na UFRGS, também demonstram preocupação com a proposta.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (20), na Rádio Gaúcha, Zavascki atentou para o fato de que em nenhum outro lugar do mundo as crianças foram expostas a aglomerações em uma situação de transmissão alta da doença, como é a realidade do Rio Grande do Sul.
— Em nenhum lugar no mundo se colocou crianças nessa experimentação. Não há quem tenha colocado crianças em aglomerações numa situação de transmissão tão alta quanto a nossa. A Coreia do Sul considerou abrir escolas quando o país tinha 50 casos novos por dia. Significa um caso por milhão de habitantes (...) Anunciar um cronograma tão próximo é inviável e passa uma mensagem de que está tudo tranquilo, quando não está — ressaltou.
De acordo com o médico, pequenas variações no número de internados em UTIs, como tem sido registrado em Porto Alegre nos últimos dias, são normais e indicam uma estabilidade crítica. Portanto, Zavascki afirma que ainda é cedo para ser otimista quanto a um possível controle da pandemia no Estado.