GaúchaZH ouviu especialistas para saber quais benefícios e prejuízos o home office pode oferecer. Quem está trabalhando remotamente relata como está sendo a experiência.
Vantagens
- Trabalhador não precisa se deslocar até a empresa, o que significa economia para o funcionário e, às vezes, até para o empregador
- Tempo antes desperdiçado em deslocamento pode ser convertido em proximidade com a família, qualificação ou em exercícios físicos
- Economia em roupas
- Empresa pode diminuir o espaço antes mantido para comportar o quadro de funcionários
- Com menos pessoas e carros circulando, diminui a poluição
Desvantagens
- Para quem a disciplina não é um forte, será preciso começar a praticar a organização e o foco total nas atividades
- Misturar a vida pessoal e a vida profissional. Não conseguir distinguir a hora de trabalhar e a hora de ficar em casa tranquilo preocupa porque pode parecer que se está sempre envolvido com o trabalho
- Tendência de isolamento social. Para quem mora sozinho, o home office pode despertar um lado mais antissocial
- Dificuldades tecnológicas, como conexão de internet mais lenta
- Menos cuidado com a postura, o que pode acarretar problemas de saúde
"Conseguimos ver que é possível maior flexibilização"
A sede da Jorge Bischoff, em Igrejinha, está fechada há mais de 20 dias, mas isso não significa que a empresa parou. Longe disso. Diante da pandemia provocada pelo novo coronavírus, quase todos os cerca de cem funcionários da empresa estão em home office, método de trabalho que ainda não tem data para terminar.
— Estamos observando as orientações dos governos e da Organização Mundial da Saúde e nos adequando a elas. Temos lojas em todos os Estados, então, os franquiados estão entrando em contato conosco para avaliarmos pontualmente. Em alguns lugares, as normas são mais restritivas do que em outros. Mas, aqui na sede, vamos ficar neste formato até que seja seguro para todos — explica a diretora de Branding e Negócios da Jorge Bischoff, Natália Bischoff.
Foi a primeira vez que a empresa calçadista adotou home office nesta proporção. As dificuldades iniciais se resumiram a ajustes de equipamentos e de conexão de internet na casa dos funcionários, etapa superada sem percalços, assegura Natália. Bateu, obviamente, aquela incerteza nos colaboradores: quanto tempo isso vai durar e como vai funcionar foram as principais dúvidas. Coube à Natália e ao time de gestores jogar luz sobre os pontos que poderiam ser clareados. Muitas respostas, nem eles tinham.
— Realmente, não se tinha certeza de nada. Foi um período muito ansiogênico. Mas, agora, o pessoal está bem adaptado. Acho que nos saímos muito bem, porque já utilizávamos muitas ferramentas online, como o Zoom (aplicativo que permite reuniões a distância). Só estamos usando muito mais. Digo que minha vida é acordar e ir para o Zoom, porque a gente passa o dia se falando por lá — brinca Natália.
Passada a turbulência inerente às grandes mudanças, a empresa consegue pinçar os pontos positivos e negativos. E até pensar no período pós-pandemia.
— Percebo que está sendo uma oportunidade para vários talentos aparecerem mais, trazerem ideias. Além disso, a partir desta experiência, conseguimos ver que é possível maior flexibilização. Talvez adotar o home office para parte da equipe ou para uma área específica. Não é uma decisão, mas não vejo isso como impossível — pontua.
"Estamos abertos às novas tendências"
No escritório de advocacia onde Cassiane Rubbo atua como gestora de pessoas, o home office foi implantado na metade de março, quando o coronavírus começava a ganhar corpo no país. Uma reunião interna, convocada para avaliar medidas emergenciais que garantissem a saúde da equipe, terminou com os colaboradores sendo informados de que deveriam chegar para trabalhar no dia seguinte com seus notebooks a tiracolo. Seria iniciada a etapa de instalação dos programas que os permitiriam atuar remotamente. Quem não tinha o equipamento recebeu suporte da empresa.
Em dois dias, as 55 pessoas, entre associados e funcionários do Scalzilli Althaus, de Porto Alegre, passaram a trabalhar de suas casas, mantendo contato por diferentes aplicativos. O mais usado é o WhatsApp, onde estão os grupos de conversas como o Covid-19, criado especialmente para tratar de conteúdos informativos que estão sendo produzidos pelos advogados. Como os tribunais estão fechados e os prazos processuais suspensos, o corpo jurídico foi incentivado a criar informes diários que mantivessem os clientes informados das frequentes mudanças que vêm sendo impostas por edição de medidas provisórias (MPs).
— Vemos um time estimulado e engajado com o nosso propósito. Percebemos novas habilidades se desenvolvendo que até então não conhecíamos: criatividade, adaptabilidade e muita vontade — observa Cassiane.
Ela reconhece, porém, que esse processo de mudança é delicado, traz desafios e requer adaptações. Psicóloga por formação, pontua que mudanças repentinas levam algum tempo para serem assimiladas, o que pode implicar em alterações emocionais devido às incertezas. Alto grau de ansiedade, medos e impaciência fazem parte dessa realidade.
— Acabamos tendo que fazer um trabalho de aproximação maior e com muita empatia — diz.
Pela amostragem que teve até aqui, avalia que trabalhar remotamente tem sido positivo, uma etapa de aprendizados e até de aproximação com os colegas, mesmo a distância.
— Com certeza, aprendemos a nos comunicar mais com as pessoas, a ouvir mais, a ficar mais perto. O trabalho remoto nos exige isso.
O futuro do home office no Scalzilli Althaus ainda é uma dúvida, mas jamais descartado.
— Estamos abertos às novas tendências, claro, sempre avaliando os riscos, acompanhando a performance e desempenho dos profissionais que compõem nosso grupo. Então, não excluímos essa possibilidade para algumas áreas, porém, sempre com o cuidado para não perder a nossa essência, que é estar próximo do cliente — conclui.