O presidente Jair Bolsonaro disse não ter ouvido as explicações do ministro Abraham Weintraub (Educação) sobre problemas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por estar "saturado".
— Ele queria apresentar para mim uns dados e eu não quis porque tô com a cabeça cheia. Hoje eu saturei. Eu conversei e quase todo mundo. Tem problema, é natural, agora isso representa menos de zero vírgula alguma coisa o problema que tivemos — afirmou nesta segunda-feira (3), ao chegar ao Palácio da Alvorada.
A declaração foi feita no retorno do presidente a Brasília. Ele viajou a São Paulo pela manhã acompanhado de Weintraub. Na capital paulista, Bolsonaro participou de um almoço na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de uma cerimônia em um colégio militar.
O titular da Educação está sob forte pressão em razão da crise decorrente de problemas nas notas do Enem, o que afetou também o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Weintraub ainda tem sido criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que o chamou de "desastre".
Nesta segunda-feira (3), ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), que também teve o cargo ameaçado, afirmou que Bolsonaro não pretende promover uma reforma ministerial e que Weintraub permanecerá no cargo.
— Não, na nossa conversa de sábado (1º) eu abordei esse assunto e ele (Bolsonaro) foi muito firme em me dizer não. "Não quero mudar ninguém, estou satisfeito com o desempenho de todos". Eventualmente pode ter, claro, uma questão aqui ou acolá, isso é normal — disse Lorenzoni, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo o ministro, Bolsonaro está "plenamente satisfeito" com a sua equipe.
Ao inaugurar a pedra fundamental do Colégio Militar de São Paulo, na capital paulista, Bolsonaro criticou os governadores do Nordeste por não terem aderido ao programa do governo federal para implantação de escolas cívico-militares.
— A questão político-partidária não pode estar à frente da necessidade de um país — disse Bolsonaro.
Os governadores do Nordeste são, em sua maioria, de partidos de esquerda. O presidente afirmou que os colégios militares são "comprovadamente de qualidade" e criticou a situação da educação no Brasil.
— Ironicamente falando, o Brasil chegou numa situação de educação que não pode ser ultrapassada por mais ninguém. Por quê? Já estamos no último lugar — afirmou ao comentar o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), avaliação mundial de educação, feita em 2018.
O Brasil ocupa a 42ª posição no ranking em leitura, 58ª em matemática e 53ª em ciências, entre 79 países ou regiões avaliados. O presidente disse ainda que seu governo vai melhorar a posição do país na próxima avaliação, em 2021.