Apesar do mau momento econômico, o interesse dos brasileiros por intercâmbios internacionais segue em alta, movido pelo anseio de experiências no Exterior e de um diploma com grife, que aumente as chances de colocação no desmilinguido mercado de trabalho nacional.
Segundo pesquisa deste ano da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), a quantidade de estudantes que viajou para fazer cursos fora do Brasil aumentou 20,4% no ano passado, em comparação com 2017. Foram 365 mil alunos, com uma movimentação de R$ 4,8 bilhões.
De olho nesse mercado, duas das principais feiras do setor, a EduExpo e a EduCanadá, peregrinam pelo país e estiveram neste domingo (29) em Porto Alegre, atraindo ao BarraShoppingSul cerca de 1,4 mil inscritos ávidos por realizar o sonho de estudar fora do Brasil. No evento, que bate ponto duas vezes por ano na capital gaúcha, a atenção dos visitantes é disputada por representantes de países que exploram esse filão e por instituições de ensino de várias partes do mundo.
O Canadá contou com um pavilhão próprio e uma feira à parte na condição de país consolidado, há 14 anos consecutivos, como destino preferencial dos brasileiros. Com milhares de programas de estudos, o país se tornou um gigante do intercâmbio por aliar preço competitivo, ensino de primeira e qualidade de vida entre as melhores do mundo. No ano passado, 28 mil brasileiros estiveram em território canadense para estudar inglês ou francês.
Depois do Canadá, os destinos preferidos dos brasileiros, segundo a pesquisa da Belta, foram Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Irlanda. Na sexta posição, pela primeira vez, apareceu a pequena Malta, um país insular do Mediterrâneo que adotou uma política de atração de intercambistas, aliando bons preços para estudar inglês e possibilidade de trabalhar durante os estudos.
As feiras realizadas em Porto Alegre neste domingo contaram ainda com representações de países como Alemanha, Uruguai, França e Holanda, que também disputam espaço no setor. A Holanda aposta em uma oferta de cursos de graduação de primeira linha, com aulas em inglês e preços próximos dos canadenses (as anuidades rondam os R$ 36 mil).
Segundo a pesquisa da Belta, realizada com 5 mil estudantes e 500 agências, os critérios mais valorizados pelo brasileiro na escolha de um destino são, na ordem, o câmbio favorável, o fato de o país ser anglofalante e a boa qualidade de vida. Ainda segundo a pesquisa, os cursos de idiomas, principalmente inglês, são os mais procurados. Em seguida, vêm os cursos de idiomas com trabalho temporário e os cursos de férias para "teens". A graduação aparece em quarto lugar. Em quinto, o High School, equivalente ao Ensino Médio. As mulheres perfazem 60% dos intercambistas nacionais. A faixa de idade com mais brasileiros viajando para estudar vai dos 22 aos 24 anos, mas a pesquisa identificou um aumento na proporção dos maiores de 40 anos que estão fazendo intercâmbio.
Após o retorno da viagem de estudos, 42% relataram um aumento nas chances de conseguir emprego no Brasil.
— A pessoa junta as economias, faz um curso e volta mais competitiva. Além disso, tem uma experiência que leva para a vida toda — afirma Letícia Piatti, diretora de operações das feira no Brasil.
COMO SE PREPARAR
Veja o que você deve levar em conta para tornar realidade um intercâmbio no Exterior
Defina o que você quer fazer
Existe uma enorme oferta de cursos para intercambistas. Os mais procurados são os de idiomas, com duração a partir de uma semana. Há ainda possibilidade de Ensino Médio, faculdade, pós e MBAs, entre outros programas. O primeiro passo para afunilar a busca é definir que curso você deseja, e com qual duração. Ter essa definição também auxilia a escolher a instituição de ensino mais adequada.
Escolha o local certo para o seu perfil
Antes de bater o martelo, é fundamental pesquisar as características do país e da cidade para onde você vai. Você quer uma cidade pequena ou grande? Uma cultura mais aberta ou mais reservada? Um clima quente ou frio? Preocupar-se com essas questões antes de tomar uma decisão evita frustrações. Outra pergunta a fazer é se há permissão para trabalhar, caso você pense em ajudar a bancar as despesas dessa forma.
Informe-se sobre vistos
Há países que sequer exigem visto para estudantes que vão ficar temporadas curtas, outros impõem barreiras, alguns facilitam o documento para quem fecha o pacote com uma instituição de ensino. Também há escolas e universidades que encaminham o visto para o aluno. Pese as facilidades e as dificuldades de cada opção.
Calcule os custos
Há uma grande diferença de custos, conforme o país. O Canadá, por exemplo, oferece cursos bem mais baratos do que seu vizinho, os Estados Unidos. Mas o preço dos cursos é só uma parte das despesas. É preciso adicionar à conta as passagens aéreas, o visto, a hospedagem, a alimentação, o transporte e as demais despesas do dia a dia. Por isso, é importante informar-se do custo de vida do país em que você está interessado e ver se ele cabe no seu bolso.
Planeje onde vai ficar
É comum que as instituições de ensino ofereçam um pacote que inclui o curso e a estadia, mas essa não costuma ser a opção mais barata. Muitos brasileiros viajam com apenas o primeiro mês de hospedagem contratado junto à instituição e depois buscam, no local, uma hospedagem mais em conta, com frequência dividida entre dois, três ou mais estudantes. Existe também a possibilidade de ficar em uma casa de família. A vantagem, nesse caso, não é o preço, mas a chance de imersão na cultura e no idioma locais. Para pais que enviam adolescentes ao intercâmbio, essa opção dá mais segurança e tranquilidade. Quem viaja pode indicar o perfil da família com quem quer morar.
OS DESTINOS
Confira as características de alguns dos países mais procurados pelos brasileiros para cursos de intercâmbio
Canadá
É o país preferido dos estudantes brasileiros há 14 anos, por ser competitivo sob diversos pontos de vista. Para começar, tem um sistema de ensino amplo e de qualidade — são milhares de programas de estudo, dos cursos de idiomas às pós-graduações. Além disso, tem uma das melhores qualidades de vida do mundo e é acolhedor com estrangeiros. Por razões cambiais, os custos são outra vantagem. Um ano de faculdade sai por cerca de R$ 30 mil. Por fim, o país oferece facilidades para quem, depois de formado, deseja permanecer.
Estados Unidos
Principal potência econômica do planeta, referência cultural e sede de muitas das instituições de ensino mais bem avaliadas, exerce uma atração natural sobre grande parte dos brasileiros. As dificuldades são os custos e as barreiras para a concessão de visto.
Reino Unido
É o berço da língua inglesa e tem instituições de ensino de ponta, mas a cotação da libra torna o Reino Unido uma opção para quem pode pagar mais.
Irlanda
É um país de língua inglesa que tem atraído principalmente brasileiros interessados em aprender o idioma. Os custos são competitivos, e existe a possibilidade de aliar trabalho e estudo.
Holanda
Tem cursos de graduação e pós-graduação, com aulas em inglês, de alta qualidade. As anuidades ficam próximas dos R$ 36 mil (para quem tem cidadania europeia, o preço cai).
Austrália
É bastante procurada para cursos de inglês. Os brasileiros costumam sentir-se atraídos pelo clima quente e as praias. O custo dos cursos é competitivo, mas a passagem área pesa bastante no orçamento final.
Malta
País insular do Mar Mediterrâneo, apareceu em 2019 pela primeira vez entre os destinos preferenciais dos brasileiros. O país adotou uma política para favorecer os intercâmbios, com cursos de inglês a custo acessível e possibilidade de trabalhar.
Espanha
Para quem não está interessado no universo da língua inglesa, mas prefere estudar espanhol ou estudar em espanhol, a Espanha tem se posicionado como opção de qualidade.
ONDE BUSCAR MAIS INFORMAÇÕES
O site edufindme.com funciona como uma espécie de rede social para intercâmbio, com informações sobre milhares de escolas