Ao anunciar a edição de 2019 do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), na quinta-feira (3), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, errou ao comentar os custos com a aplicação das provas nas escolas. Logo após o evento, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelo Saeb, enviou nota corrigindo a informação.
Durante o anúncio oficial, Weintraub afirmou, mais de uma vez, que o custo seria de R$ 500 mil. No entanto, de acordo com o Inep, o valor estimado para aplicar a avaliação a 7 milhões de estudantes é de R$ 500 milhões – mil vezes maior do que o montante apresentado pelo ministro.
— Nós vamos fazer um exame para 7 milhões de crianças a um custo de R$ 500 mil. É importante falar. A postura nossa é sempre de dizer para o pagador de imposto e para a sociedade onde está sendo alocado o imposto recolhido deles — afirmou o ministro.
Na nota, o órgão ligado ao MEC argumentou que o erro foi motivado por uma "inconsistência material na planilha de custos elaborada pelo Inep".
No evento, o MEC anunciou que irá aplicar a avaliação da alfabetização para estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental. O levantamento será feito por amostragem, e não para todos os alunos, como previsto anteriormente.
Na gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodriguéz, demitido no começo do mês, a avaliação da alfabetização chegou a ser cancelada. O governo voltou atrás dias depois, após repercussão negativa, e agora confirma os testes entre os dias 21 de outubro e 1º de novembro.
Em breve entrevista a jornalistas após apresentar as mudanças no Saeb, o ministro justificou a aplicação amostral.
— O orçamento foi contingenciado, estamos nos redobrando e encaminhando para onde a gente acha fundamental os recursos — disse.
Os resultados do Saeb – que também inclui avaliações no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e no fim do Ensino Médio – vão compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A ideia de antecipar a aplicação dos testes para o 2º ano foi lançada pelo então presidente Michel Temer, em consonância com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que definiu o que os estudantes devem aprender em cada etapa. Antes, a aplicação era universal na rede pública, no 3º ano do Fundamental.
Outra novidade anunciada pelo MEC é a aplicação de testes de ciências da natureza e de humanas para uma amostra de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Os resultados serão inéditos nessas áreas do conhecimento. Provas de português e matemática já eram aplicadas nesta série.
Confira a nota do Inep:
"O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informa que o valor estimado para a aplicação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2019 é de aproximadamente R$ 500 milhões. O valor de R$ 500 mil foi incorretamente apresentado ao ministro e na Coletiva de Imprensa realizada nesta data em função de uma inconsistência material na planilha de custos elaborada pelo Inep."