Maior colégio em área física de Cidreira, no Litoral Norte, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Herlita Silveira Teixeira enfrenta limitações e interrupções de aulas desde abril. O motivo está em problemas estruturais que acarretaram a interdição total do espaço pelo Corpo de Bombeiros — dois meses depois, o prédio foi parcialmente liberado para uso. Metade dos quase 5 mil metros quadrados não está sendo usada, incluindo ginásio, pátio, refeitório, salas temáticas e biblioteca. Para piorar a situação, a empresa contratada para fazer a obra em agosto abandonou o serviço no mês seguinte.
A professora de história e geografia Valquiria de Lima Ferreira, mãe de uma aluna do 5° ano, diz que é desmotivante dar aulas sem recursos e sem estrutura física adequada. A escola chegou a ser interditada totalmente entre abril e junho, só retomou as aulas normais após o recesso de inverno.
— A gente tinha salas de vídeo, salas com computadores e ambientes pedagógicos. Agora, está tudo interditado. Só temos giz e livro — afirma Valquiria, acrescentando que a filha também sente desânimo devido aos problemas.
O recreio dos alunos é feito em um espaço reduzido no saguão e em frente à escola. As aulas de Educação Física ocorrem em uma área adaptada, que recebeu uma caixa de areia da prefeitura.
Jamile Conde, mãe de um adolescente de 15 anos, conta que o filho está no último ano e faria prova para cursar o Ensino Médio no Instituto Federal, mas desistiu:
— Ele perdeu muito conteúdo. Está muito atrasado. É um ano perdido.
O ano letivo no colégio, devido à greve, só se encerrará no próximo 31 de janeiro.
Professor de matemática, Lenivaldo Almada diz que a situação atual prejudica a qualidade da aula. Ele ressalta que, quando havia o refeitório, todos os alunos merendavam juntos. Agora, as turmas se revezam a cada 10 minutos.
— Esse revezamento quebra o ritmo da aula. Fora os alunos que questionam quando teremos a merenda quente — conta.
A diretora Itamari Pires Teixeira relata que, atualmente, a escola não pode utilizar o gás, portanto, não consegue servir comida quente. As duas refeições servidas diariamente consistem em sanduíche, bolacha ou fruta.
— A gente sabe que muitos dos alunos tinham na comida servida pela escola a única refeição do dia — lamenta a diretora, cujo mandato se encerra no final deste ano (nenhum professor se candidatou para sucedê-la).
O que diz o governo do Estado
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que a empresa vencedora da licitação e responsável pela reforma da escola iniciou os trabalhos em agosto, mas, quando abandonou o serviço em setembro, teve o contrato rescindido.
Conforme a pasta, a Secretaria de Obras fica responsável agora por chamar a segunda colocada na licitação. Caso ela não aceite o serviço pelo mesmo valor da primeira, é procurada a terceira colocada e assim por diante. Se nenhuma empresa aceitar, a licitação será anulada e uma nova terá de ser feita. A diretora acredita que os trabalhos só serão concluídos em 2019:
— A gente conhece os trâmites. É impossível a escola ficar pronta ainda neste ano.
Histórico dos problemas
- 26/4 — A escola é totalmente interditada pelos bombeiros devido a problemas estruturais no prédio, no telhado, na rede elétrica e na rede de gás
- 15/5 — A escola é arrombada. Danificam estruturas e furtam equipamentos
- 13/6 — Parte do prédio é liberada e aulas ocorrem sem energia elétrica
- 4/7 — Aulas suspensas no turno da tarde devido à pouca luminosidade
- 1/8 — Empresa vencedora da licitação inicia obras
- 5/9 — Empresa abandona obras
- 7/11 — Contrato com a responsável pela reforma é rescindido