Em documento enviado à UFRGS em abril, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou que a instituição promovesse "esforços para preencher todas as vagas destinadas ao Sisu com alunos aprovados pelo próprio Sistema de Seleção Unificada". A recomendação previa que, se não fosse possível adotar as medidas ainda neste ano, a UFRGS deveria pôr em prática outras formas de preenchimento das vagas, "com o intuito de ao menos assegurar o vínculo do aluno com a universidade para início das atividades acadêmicas em 2019".
A UFRGS é uma dentre as universidades federais do Rio Grande do Sul com problema de vagas não preenchidas em 2017: das 27 mil vagas oferecidas em cursos presenciais em federais do Estado, 2,6 mil não foram preenchidas em 2017, de acordo com o Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). Ou seja: no ano passado, 9,5% das matrículas disponibilizadas na rede pública de Ensino Superior – que não cobra mensalidades dos alunos durante toda a formação e em geral atinge bons índices de qualidade – não foram efetivadas por novos alunos.
O documento, em dia com a missão do Ministério Público de "expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública", partiu da demanda de alunos que, vendo vagas que eles estavam disputando ficarem ociosas sucessivamente, resolveram agir. Os candidatos – almejando lugar nos cursos de Fonoaudiologia e bacharelado em Física –, estavam desde janeiro na lista de espera, sem conseguir ingressar na universidade, apesar de haver vagas remanescentes.
Os estudantes alegavam que a UFRGS estava destinando essas vagas a processos seletivos internos, como ingresso de diplomados, transferências e ingresso extravestibular, em vez de promover chamados para os classificados que estavam à espera de uma oportunidade.
A universidade logo respondeu ao MPF, informando que ampliaria ao máximo o aproveitamento de vagas não ocupadas no início do ano. Em julho – período atípico para a convocação de ingressantes aprovados para o primeiro semestre –, a UFRGS garantiu: "A universidade considerou a possibilidade de ampliar ao máximo o aproveitamento destas vagas, e com base na disponibilidade informada pelos respectivos cursos, levando em conta as condições físicas, técnicas e de segurança, está chamando candidatos do Sisu e do vestibular com vistas ao ingresso no 2º semestre de 2018".
A diretriz permanece neste segundo semestre. E, de maneira inédita, a instituição ofereceu ingresso no segundo semestre para cursos que só costumam receber novos alunos no início do ano: algumas graduações com ingresso anual (somente no primeiro semestre) se organizaram para oferecer as atividades de ensino da primeira etapa em 2018/2.
A Secretaria de Comunicação Social da UFRGS explicou que existe uma baixa adesão aos chamamentos de vagas remanescentes, em especial aos chamamentos de vagas surgidas tardiamente, em consequência das "inúmeras movimentações dos candidatos" – como aqueles que concorrem também pelo Sisu, mas são aprovados pelo vestibular.
Para tentar minimizar essa baixa adesão e visando a ampliar as possibilidades de ocupação das vagas, a secretaria afirma que a universidade implementou neste ano um "sistema de manifestação virtual de interesse à vaga", em que os candidatos interessados em permanecer concorrendo puderam se manifestar previamente, levando a um aumento no percentual de adesão às vagas.