Já imaginou, sem precisar ir muito longe, viajar ao passado para um dos episódios mais importantes da história do Rio Grande do Sul? Em um casarão antigo da Rua Duque de Caxias, no Centro de Porto Alegre, é possível reviver com detalhes a Guerra dos Farrapos, a batalha mais longa da história do Brasil.
O prédio onde morou e morreu o estadista Júlio de Castilhos foi transformado em museu em 1903 e leva o nome do líder republicano. Entre o acervo de 8 mil itens, estão dezenas de objetos centenários utilizados pelos combatentes durante a Revolução Farroupilha. Em homenagem ao período, a exposição que reúne as relíquias e outras obras alusivas ao período foi ampliada no andar superior do museu.
Com marcas do tempo, armas, espadas, lanças e facas utilizadas pelos soldados durante a guerra conduzem a imaginação para os campos de batalhas. No entanto, os disparos de garrucha ou de espingarda não eram decisivos para as vitórias, pois essas armas eram muito pesadas e lentas. Conforme esclarece o historiador Gabriel Castello Costa, que trabalha há 10 anos no museu, o combate era muito mais decidido no "mano a mano" do que pegando em armas.
– Se deu muito menos tiro do que a gente pensa. Os farroupilhas obtiveram muitas vitórias no início da guerra porque tinham muitos soldados a cavalo e isso era vantajoso no confronto físico – justifica.
Um detalhe interessante é que as espadas utilizadas pelos farroupilhas possuíam o símbolo da monarquia. Isso porque as tropas revolucionárias eram formadas por soldados militares do Império que tinham recebido da coroa grandes lotes de terra para que, em contrapartida, defendessem as fronteiras.
Bordado minuciosamente na bandeirola utilizada pela tropa imperial, o lema "Legalidade ou Morte" revela que, para o Império, a revolução era considerada fora da lei. Mas no lenço de seda farroupilha, as palavras de ordem "igualdade, liberdade e humanidade", escritas sobre o brasão, revelam a bravura dos revolucionários.
A exposição também conta com obras de arte que remetem ao período, como uma pintura a óleo de Gomes Jardim, e outra que reproduz a casa do herói farroupilha na cidade de Guaíba.
Mas é no pátio localizado nos fundos do museu que o cenário de guerra realmente toma forma. Lá, estão três canhões utilizados durante a Guerra dos Farrapos, encontrados em uma zona de banhado na cidade de Camaquã muitos anos após o fim dos combates.
Com a expansão, a exposição ganhou algumas peças interativas. Entre elas, um mapa que, com a ajuda de luzes coloridas, mostra a movimentação das tropas farroupilhas em direção ao oeste do território gaúcho. Durante os dez anos de combate, a capital farroupilha mudou três vezes de lugar, seguindo a direção das forças armadas. Primeiro Piratini, depois Caçapava e, por último, Alegrete.
– À medida que o tempo foi passando, os farroupilhas foram se enfraquecendo economicamente. Então, ao invés de manterem uma guerra com grandes contingentes militares, eles tinham que atacar rapidamente e recuar para conseguirem manter o máximo de tempo possível uma guerra contra o Império do Brasil, que tinha muito mais homens – explica Gabriel.
Outro objeto que permite a interação dos visitantes é um totem pintado à mão pela própria diretora do Museu Júlio de Castilhos, Gabriela Côrrea da Silva, que também é artista plástica. Nele é possível fazer a combinação entre três partes de cada um dos quatro personagens que ali estão retratados: o soldado imperial, o soldado farroupilha, o lanceiro negro e a mulher.
Visite o Museu Júlio de Castilhos
Endereço: Rua Duque de Caxias, 1.205, Centro Histórico, Porto Alegre
Horário de funcionamento: de terça-feira a sábado, das 10h às 17h
Quanto: entrada gratuita