As oportunidades de trabalho temporário neste final de ano prometem aumentar. Ainda não será uma avalanche de vagas. É importante lembrar que o Brasil dá, por enquanto, os primeiros sinais de saída de uma crise econômica. Mesmo assim, já é suficiente para oferecer um cenário melhor do que o do ano passado.
– Em 2016, o setor contratou cerca de 4,9 mil temporários. Para este ano, prevemos cerca de 5,2 mil trabalhadores. Na medida em que o varejo vai se fortalecendo, há grandes possibilidades para pessoas com talento – diz o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer.
Mas pode ser muito mais do que uma vaga temporária. O presidente da AGV garante que se trata de uma porta privilegiada para garantir emprego fixo depois do fim do contrato. Mas é preciso fazer brilhar o olho do empregador.
– É preciso ter vontade de se relacionar com as pessoas. Deve-se estar preparado para entrar em uma competição forte como é o varejo. E sempre com muita atitude, com entusiasmo e comprometimento com a cultura organizacional – orienta Noer.
Candidatos mais qualificados
Além de ser bom para quem busca de emprego, as vagas temporárias deste ano trazem uma vantagem ao contratantes, acredita a economista-chefe da Fecomércio/RS, Patrícia Palermo: candidatos mais qualificados. As demissões dos últimos anos colocaram gente talentosa no mercado pronta para ser contratada. É o caso da vendedora desempregada Vanessa Paola da Silva, 26 anos, de Sapucaia do Sul. Ela está otimista com a expectativa de mais vagas de trabalho temporário para este ano. A caminhada para deixar currículos e fazer cadastro nas agências de emprego já começou. De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, ela está com tudo para botar a mão em uma oportunidade.
– Fiz curso técnico na área de comércio e estou sempre me reciclando, indo a palestras, procurando me aperfeiçoar – conta a jovem.
Dicas para conquistar a sua vaga
O perfil procurado pelos contratantes no comércio
- Educação: o Ensino Médio completo é fundamental para sonhar com uma vaga. O nível educacional é indicativo de que o trabalhador tem as ferramentas básicas para atender bem um cliente.
- Estabilidade: um candidato só com experiências anteriores de trabalho curtas (de seis meses, por exemplo) pode perder a vaga. Pode indicar instabilidade emocional ou dificuldade de cumprir metas. Considera-se estabilidade a partir de um ano de atuação.
- Experiência: há interesse em um profissional que atuou em áreas diferentes. Um candidato que trabalhou no setor de vestuário e de móveis, por exemplo, mostra capacidade de se adaptar e versatilidade.
- Reciclagem: quem não ficou parado no tempo atrai mais os empregadores. Falta de grana não justifica a falta de cursos, palestras ou workshops no currículo. Contam também atividades gratuitas.
- Foco: não se procura trabalhador que diga "qualquer coisa serve". Alguém que tem foco, que sabe onde quer atuar, onde procurar as oportunidades, interessa mais ao empregador.
Temporário que pode ficar
- Os empregadores prometem olhar com atenção os trabalhadores temporários. É uma forma de experimentar aquele trabalhador antes de oferecer um contrato fixo de trabalho.
- A crise econômica colocou gente qualificada na fila por um emprego. O lojista atento vai querer ficar com esse trabalhador.
- E nem sempre é necessário criar uma nova vaga. A empresa terá a chance de comparar a produtividade do temporário com os demais empregados e, se for o caso, fazer uma troca.
- Um trabalhador que tome a iniciativa e não precise a todo momento ser orientado e motivado é tudo o que uma empresa procura.
- Manter a chamada postura proativa é uma das chaves para o trabalhador temporário abrir a porta para uma contratação por tempo indeterminado.
- Buscar superar as metas traçadas (que aumentam os vencimentos no final do mês) e não se contentar com a remuneração básica é o comportamento que faz a diferença.
Fontes: Ticiana Casado Teixeira, coordenadora de RH da AST Facilities; Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio/RS, Vilson Noer, presidente da AGV, e Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha)
O que muda neste ano para o temporário
Contratação
Antes, o contrato temporário era de três meses, prorrogável por mais três: até seis meses. Desde março, a Leia da Terceirização ampliou esse prazo para seis meses, prorrogáveis por mais três: até nove meses.
Direitos
O temporário tem direito a quase todos os direitos de um trabalhador efetivo, com exceção do aviso prévio, multa do FGTS e seguro-desemprego, justamente por se tratar de uma contratação transitória.