Terminou sem acordo a nova tentativa de negociações entre o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato) e o governo estadual, nesta segunda-feira, uma semana após o início da greve da categoria. Sob protestos e após duas horas de discussões em um auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, o secretário da Educação, Vieira da Cunha, se comprometeu a apresentar uma proposta formal no dia 31 de maio, mas adiantou que não haverá reajuste.
– Até lá o governo vai, por escrito, responder item por item, a pauta de reivindicações da categoria – disse. – A equipe técnica da Fazenda esteve aqui para fazer uma demonstração da inviabilidade de qualquer proposta de reajuste salarial. Todos sabem que o Estado nem sequer consegue pagar em dia a sua folha. Nesse momento, lastimavelmente, é impensável, para um governo responsável, propor qualquer aumento – acrescentou.
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Entre as reivindicações da categoria estão o fim do parcelamento de salários, reajuste de 13,1% mais 11,36% nos vencimentos, cumprimento da lei do piso – que hoje estaria, segundo o sindicato, 69,44% defasado –, mais recursos para a educação, manutenção e cumprimento do plano de carreira, IPE com pleno atendimento e sem aumento de descontos, o fim do fechamento de turmas e escolas, entre outros itens.
O veto ao PL 44/2016 do Executivo, que dispõe sobre a "qualificação de entidades como organizações sociais", é uma das principais reivindicações. Segundo o sindicato, a proposta abre uma brecha para a privatização do ensino público. Vieira ressaltou que o projeto será reavaliado pelo Estado:
– Já há um compromisso do secretário Márcio Biolchi (Casa Civil) de não pedir urgência (do projeto) e de amadurecer o debate antes de votar na Assembleia.
A presidente do Cpers, Helenir Schürer, criticou a falta de propostas do Piratini e ressaltou que a greve dos professores, iniciada no dia 16 de maio, será mantida por tempo indeterminado. A adesão ao movimento, conforme a estimativa do sindicato, está em cerca de 60% das escolas no Estado.
– Mais uma vez, o governo deixa de abrir negociação conosco, pois não apresenta nenhuma proposta. Há 44 anos o Estado gasta mais do que arrecada. Se ao longo desse tempo conseguimos que os governos nos repassassem algo para nossos contracheques, não é possível que este governo não seja capaz também – destacou Helenir. – Enquanto não nos apresentarem propostas, vamos fortalecer ainda mais a nossa mobilização. Exigimos respeito e os nossos direitos garantidos – completou.
Ao final da audiência, o secretário da Educação ouviu o protesto de manifestantes:
– Ô, Vieira, quanta omissão, não dá resposta para a educação – gritavam os professores, do lado de fora do auditório, nos corredores do Caff.
Vieira da Cunha retornou de férias nesta segunda-feira e reassumiu as atividades na Pasta. Apesar dos boatos de que deixaria o comando da Educação no governo Sartori, ele afirmou que permanecerá no cargo até que haja uma definição do PDT sobre uma possível candidatura à Prefeitura de Porto Alegre.
– Reassumi hoje meu cargo, estou à frente da Pasta, e quanto a uma futura candidatura, não é uma resposta pessoal, é um assunto partidário, está sendo tratado e ainda não há uma definição – disse.
*Zero Hora