Com a superexposição das campanhas na mídia, é natural que a figura do consultor político seja mais lembrada em períodos eleitorais. Mas o marketing político vai além do eixo palanque-gabinete. Profissionais da área também são necessários durante o mandato, quando sua função é fazer a manutenção da relação entre o líder político e a população. A terceira via a ser seguida por esses profissionais, no entanto, talvez seja a mais abrangente: cuidar do relacionamento de órgãos governamentais e instituições com seu público-alvo.
– É uma atividade mais ampla do que se imagina, porque trabalha com conteúdo político de Estado. Estuda como divulgar ações importantes, como noticiar as políticas de Estado ao público a que se destinam – conta Patrícia Linden, coordenadora do curso de extensão em Assessoria de Imprensa na Política da Unisinos.
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Professor da ESPM-Sul e consultor com experiência em federações e sindicatos, Ricardo Sondermann acredita que a palavra-chave no marketing político é a representatividade:
– A atuação tenta diminuir a vulnerabilidade das empresas por meio de processos de comunicação consistentes. O profissional precisa entender os públicos para ajudar a traçar estratégias – avalia.
Para Sondermann, um bom consultor precisa ser generalista. Esse é o motivo pelo qual, acredita, a consultoria política deve migrar de área no futuro. Hoje exercida majoritariamente por profissionais da comunicação, a atividade deve, aos poucos, buscar profissionais da área administrativa, pós-graduados em marketing.
– Toda busca de conhecimento é necessária. A experiência dá condições de fazer julgamentos corretos, mas a técnica permite ampliar a base onde vai se dar esse julgamento – reflete.
A polivalência da atividade também é um desafio para as universidades. Poucas oferecem cursos nessa área – normalmente são extensões de curta duração. A mais conhecida é uma pós-graduação em Marketing Político e Propaganda Eleitoral da Universidade de São Paulo, que existe há 12 anos.
O curso, vinculado à Escola de Comunicações e Artes, tem duração de 20 meses e inclui disciplinas sobre gestão de crises, planejamento estratégico, partidos, legislação e psicologia.
Novas regras com as redes sociais
Foi com o pé no presente e um olho no futuro que a jornalista Flávia Lima, 34 anos, deu seus primeiros passos no marketing político. Depois de trabalhar com assessoria política, ela aproveitou um novo fenômeno para preparar sua transição para as campanhas eleitorais:
– Estava começando o uso de redes sociais por políticos. Vi que a Manuela D'Ávila (PCdoB) usava muito, e me ofereci para trabalhar voluntariamente na campanha – lembra.
Flávia adianta que o desafio do consultor político focado em redes sociais não é elaborar postagens para o Twitter ou Facebook. O profissional atua como analista, dando dicas sobre como a interação online pode ser usada a favor de um projeto político. As redes sociais já são ferramentas para diagnóstico do comportamento dos eleitores, mas saber como se comportar nelas ainda é novidade para muitos políticos. E é aí que se abre a brecha de mercado.
– A geração mais nova tem afinidade com a tecnologia. Mas escrever e ter conhecimento em comunicação e política é indispensável – avalia Flávia.