Um peixe fora d´água. É assim que Thales Medeiros, 17 anos, sente-se diante do desafio para o qual reuniu esforços nos últimos três anos: a graduação em Direito na UFRGS. Está bem perdido, mas de uma maneira tão confortável, que, a uma semana do início das aulas, não sabe de nada: qual será o material, o que levará na mochila - se é que vai levar mochila. É tudo novo.
- Quando se tem um objetivo é muito mais fácil de se dedicar. E eu tinha, que era a UFRGS. Agora estou de pernas para o ar. Não sei o que me espera. Das outras vezes que eu entrava de férias, sabia o que iria fazer no ano seguinte, quem iria ver, o que iria estudar. Agora não sei nada. Mas se não tem um pouco de desconhecido na vida, não se vai para a frente, né? - avalia o calouro.
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Thales fez cursou todo o Ensino Médio no Unificado, em Canoas, onde mora com a família. No fim do ano, deu um gás nos estudos e conciliou o terceirão com um curso intensivo com foco no vestibular. Mas a verdade é que sempre estudou - "um pouco por dia", como define. O ritmo constante incluía muita literatura, matéria preferida no colégio, alguns poemas próprios e os conteúdos exigidos na escola.
- Sempre monitorava as minhas notas para deixá-las em um nível aceitável, mas nunca fui muito competitivo. Fazia aquilo que fosse o satisfatório. Até o Ensino Fundamental eu só estudava antes das provas, mas, no Ensino Médio, a própria metodologia do colégio fez com que eu me dedicasse um pouco mais - conta.
Thales tem certo na cabeça que agora, em função do conteúdo condizente com sua área de interesse, estudar vai ser ainda mais fácil. Mas está ansioso com o novo desafio. Para tirar dúvidas e se inteirar do que o espera, participa de grupos que integram calouros e veteranos no WhatsApp.
Sobre o futuro, o adolescente tem uma vaga ideia. Já pensou em se tornar juiz, em se especializar em direito internacional. Alguma área da advocacia, mesma profissão da mãe, quem sabe. As opções são tantas, e o caminho ainda é longo até chegar o momento de decidir-se por uma delas.
- Nesta nova fase, pretendo abrir o meu leque. Não pensar somente na minha formação profissional, mas fazer o que eu gosto. Aprender línguas estrangeiras, aproveitar as cadeiras eletivas. Ter uma formação mais ampla. Prefiro viver e ver o que a vida vai exigir de mim - afirma o bixo.
Mais um passo em direção à independência
A transição do Ensino Médio ou dos anos de cursinho pré-vestibular para a universidade é, nas palavras da pedagoga Luciana Facchini, "um salto incrível". Muda tudo. O calouro tem de compreender a nova fase para que faça bom proveito dela.
- Sempre digo aos meus alunos: vocês precisam transformar a mente de vocês, porque é essa transformação que irá virar uma nota, que não é conquistada mais apenas para mostrar para os pais. O estudante precisa buscar bons resultados por ele mesmo. A universidade é uma porta para a independência - define Luciana.
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Conforme a pedagoga, um dos maiores entraves dos calouros diz respeito à escrita acadêmica, bem diferente daquela empregada até então na vida escolar. Além disso, muitos alunos reclamam que os textos estão mais longos e mais complexos, e acabam tendo dificuldade de compreensão. O nível de cobrança mudou - é preciso que o universitário lembre sempre disso.
- É hora de aprimorar as capacidades e competências pessoais construídas até este ponto e, ao mesmo tempo, gestar um profissional - afirma a especialista.
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Bruna Scirea
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