Em meio aos já custosos aumentos de luz, água e combustível, quem tem filhos matriculados em escolas particulares pode ir preparando o bolso: a previsão é de que o reajuste nas mensalidades em 2016 possa ficar até mesmo acima dos 9,11% registrados neste ano - a inflação acumulada em 12 meses está em 9,49%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) Inadimplência em alta
* Zero Hora
O Sindicato do Ensino Privado no Estado (Sinepe-RS) ainda não informou o índice médio e ele ainda não foi calculado por todas as escolas. Mesmo antes de desembolsar os novos valores, os pais estão preocupados com a soma dos gastos.
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Com duas crianças matriculadas em um colégio privado da Capital, o publicitário Cielito Rebelatto Junior já está acostumado ao aumento anual das taxas escolares, com as quais tem gastado cerca de 20% de seu orçamento todos os meses.
- Não tem o que fazer, todo ano é a mesma coisa. A gente acaba tendo de economizar em outros gastos, como no transporte, que hoje faço de bicicleta - conta.
Apesar de ainda não ter sido anunciado pela direção da escola onde matriculou a filha, o reajuste também é esperado por Elvio Bassetti de Oliveira. O pai de Giovanna, 12 anos, não cogita transferi-la para a rede pública, mas prevê dificuldades para organizar as contas no ano que vem.
- O reajuste acaba pesando no nosso orçamento, ainda mais porque não é o único custo que está subindo. É difícil equilibrar todos os gastos - afirma Oliveira.
Já o enfermeiro Silomar Souza prefere nem pensar nisso. Pai de uma criança de 10 anos, ele acha melhor se preocupar com o reajuste somente quando for hora de pagar as matrículas.
- Vai aumentar, a gente sabe. Sempre aumenta. Só resta torcer para que não fique muito mais caro.
Reajuste só deve ser informado em novembro
O índice médio ainda não foi definido, conforme o Sinepe, por conta da instabilidade econômica, que deixa as escolas inseguras quanto aos valores a cobrar. A expectativa é de que isso só seja feito em novembro. O presidente da entidade, Bruno Eizerik, afirma, porém, que os reajustes aplicados anualmente no Estado ficariam abaixo da média nacional.
- O aumento de mensalidades ocorre de acordo com a planilha de custos, então varia de escola para escola. Mas quero tranquilizar os pais quanto a isso, porque não é um hábito gaúcho aumentar esses valores de maneira abusiva - garante Eizerik.
Entre as escolas particulares de Porto Alegre consultadas pela reportagem de Zero Hora, o reajuste nas mensalidades deve ficar entre 8% e 12%. A maior parte das instituições, no entanto, ainda não repassou os novos valores aos pais.
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram a dificuldade que as famílias estão enfrentando para manter as mensalidades escolares em dia. A inadimplência no pagamento de faculdades e colégios chegou a 19% no país em 2015 (não foram divulgados dados por Estado). O valor é mais do que o dobro dos 8% registrados no ano passado.
Apesar de uma lei regulamentar que o reajuste não seja feito mais que uma vez por ano, não há um limite definido para o aumento desse valor. Isso não impede, porém, que os custos sejam contestados. Para a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, os pais devem solicitar uma justificativa para os novos valores, caso os considerem abusivo. As taxas cobradas podem ser revistas se houver contestação, e os custos também podem ser negociados com as famílias.
Matrículas na rede pública
A Secretaria Estadual de Educação ainda não definiu o calendário de matrículas para 2016 nas escolas públicas. O órgão alerta que as rematrículas devem ser feitas diretamente nas escolas, enquanto os novos ingressos exigem uma inscrição prévia no site da secretaria antes da confirmação presencial.