Antes de começar a ler, busque uma xícara de café. Essa pauta pode dar sono. Não porque o tema é entediante, mas há 40% de chances de você integrar a parcela da população que dorme mal devido a problemas como apneia, ronco e insônia. A dificuldade de um descanso reparador tem instigado avanços na ciência. Os mais recentes serviram para reposicionar expressões consagradas como "Deus ajuda quem cedo madruga".
- A cultura de que acordar cedo é indispensável mudou. O sono não pode mais ser deixado de lado. Sabe-se que é extremamente importante aos nossos processos mentais e biológicos, e sua ausência, um caminho que pode levar ao risco de morte - diz o neurologista Alan Christmann Fröhlich, especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira do Sono.
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É o que comprova uma recente publicação da Sociedade de Pesquisa do Sono e da Academia Americana de Medicina do Sono publicada no início do mês. O estudo revisou a bibliografia de mais de 5 mil pesquisas para investigar quanto tempo precisamos dormir. As conclusões mostram que, para ter uma boa saúde, um adulto a partir de 18 anos deve descansar, pelo menos, sete horas por dia. Amorcegar menos que isso, segundo Fröhlich, traz malefícios como obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, AVC, sem falar nas doenças psiquiátricas, alterações de humor, diminuição de imunidade e maior risco de infecções.
Quanto menos você dorme, mais você come, indica pesquisa
Apesar de a média ideal ser entre sete e nove horas, nem todos têm a mesma necessidade de permanecer com os olhos fechados. Alguns precisam dormir mais, outros menos. O número de horas varia de acordo com genética, idade e estilo de vida.
- A necessidade de horas de sono ocorre por adaptações fisiológicas e organização do ritmo circadiano (período de aproximadamente 24 horas em que se baseia o ciclo biológico do corpo humano). Por essa razão, os recém-nascidos dormem muito mais, pois ainda são regidos por um ciclo interno chamado ultradiano (inferiores a 20 horas) - explica a neuropediatra e pesquisadora do Instituto do Cérebro da PUCRS, Magda Lahorgue Nunes.
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Da mesma forma, dormir menos ao envelhecer pode ser tanto uma questão biológica, causada pela atrofia da glândula envolvida na secreção de hormônio do sono, a melatonina, quanto ambiental ou comportamental. Mas se você não é adulto ou idoso e está dormindo além da conta, preste atenção. O sono em excesso também é um sinalizador de má qualidade do repouso. Afora os problemas comportamentais e de saúde, outros fatores que atrapalham o descanso reparador são ambientais, como a exposição excessiva a fontes luminosas. A luz branca das telas de LCD e smartphones pode diminuir em até 70% a produção de melatonina, substância que regula o ritmo biológico do corpo.
Então, antes de dormir babando com a televisão ligada ou o celular colado no rosto, lembre-se que deitar cedo e dormir seguindo indicações de especialistas pode economizar várias idas ao médico.
Imaginação consciente
Já pensou em ser um onironauta? Para quem não imagina o que esse termo significa, é o sujeito que mergulha na proposta de ter sonhos lúcidos, um navegador do sonhos. Embora a ideia de ficar consciente enquanto se dorme possa parecer estranha, um grupo de três escritores e cineastas americanos defende a ideia de que alcançar a lucidez não é apenas uma aventura fascinante, mas um método eficaz de encarar a cura, inspiração e autoconhecimento.
No livro Sonhos Lúcidos - Um guia para dominar a arte de controlar seus sonhos, Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel apresentam técnicas para explorar o subconsciente e garantem que a habilidade de sonhar pode ser lapidada. Segundo eles, tudo é uma questão de prática.
Entenda como a privação de sono pode atrapalhar na tomada de decisões
Enquanto dormimos, o corpo físicamente permanece desligado, mas a mente mantém-se ativa. Os neurônios motores param de receber estímulos em um processo chamado atonia do sono, quando os músculos ficam dormentes. Só o diafragma e os olhos mantêm sua atividade. Esses últimos, aliás, são os responsáveis por fazer a ponte entre o sonho e o mundo real, em um movimento denominado Rapid Eye Moviment (REM).
Os autores entendem os sonhos como um terreno fértil a ser explorado, quase como "o país das maravilhas das pessoas criativas". Segundo eles, ao ter consciência durante esse fenômeno, você poderia explorar fontes incríveis de conhecimento e inspiração.
Mais de meio século antes, Freud já havia dito em sua obra A Interpretação dos Sonhos que eles são formas de realização de desejos, origem de conflitos reprimidos e desejos acumulados ao longo da vida. A grande questão que mobiliza cientistas e pesquisadores é dizer por onde caminha a humanidade durante as duas horas, em média, sonhadas todas as noites.
Já houve um tempo em que o sonho era tratado como distúrbio de ordem psicológica ou má digestão. Até que Freud o retirou da escuridão, abrindo caminho para que seu discípulo Carl Young aprofundasse a questão, tornando-se um dos grandes estudiosos do tema na humanidade.
Os primeiros registros científicos do sonho foram em 1950, na Universidade de Chicago, quando Eugene Aserensky usou eletrodos para monitorar o sono do filho e registrou momentos em que o cérebro do menino ficava desperto. Na época, ele atribuiu a diferença a um erro na máquina.
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