O ministro da Educação, Henrique Paim, afirmou nesta terça-feira (9) que o governo federal aposta na reformulação do currículo do ensino médio, com redução no número de disciplinas e enfoque na formação técnica, para melhorar a qualidade dessa etapa de ensino. De acordo com os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados na última sexta-feira, 16 Estados pioraram suas notas em relação ao levantamento anterior (de 2011) e o desempenho nacional ficou abaixo da meta do governo.
"O currículo do ensino médio precisa ser redesenhado. Vamos organizar por área de conhecimento, assim como temos no Enem", disse o ministro ao confirmar que o governo trabalha para que de cerca de 12 disciplinas, as escolas passem a dividir a grade nas quatro áreas do exame nacional – linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e matemática.
Ele disse que isso deve reduzir a reprovação, principalmente no primeiro ano do ensino médio. "Um aluno com aulas em 12 disciplinas, se for reprovado em duas, repete todo o ano. Isso faz com que haja abandono, o desempenho não é satisfatório”, comentou em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta manhã.
Paim disse que essa reformulação também passa pela valorização do ensino técnico. Ele citou o exemplo da Alemanha, onde cerca de 55% dos estudantes fazem o ensino médio integrado ao ensino técnico. "No Brasil passamos de 3% para 8% com o Pronatec, mas precisamos avançar mais".
Para o ministro, o ensino voltado à formação profissional torna essa etapa mais atrativa aos jovens. Ele também citou o exemplo do Rio Grande do Sul, que adotou uma reformulação curricular – com o ensino politécnico – e já conseguiu avançar no Ideb. A média no indicador ficou em 3,9 pontos - superior aos 3,7 registrados no levantamento anterior. Apesar do avanço, a nota ainda é inferior à meta estabelecida para o Estado nesta etapa do ensino, que é de 4,3 pontos.
Formação de professores e gestão
O ministro disse ainda que, além do ensino médio, os anos finais do fundamental (6º ao 9º ano) também precisam avançar. E citou os problemas de gestão das escolas nessas etapas.
"Temos uma complexidade maior na gestão, com maior número de alunos e de professores", afirmou ao defender a ampliação da jornada na escola como uma medida incentivada pelo MEC.
Ele também disse que o governo federal está trabalhando junto às universidades para capacitar os professores destas duas etapas.
Resultados do Ideb
Em todo o País, a nota alcançada no ensino médio foi de 3,7 pontos, mantendo o mesmo número de 2011. Em relação aos demais estados, as escolas da rede estadual do Rio Grande do Sul evoluíram no ranking. O Estado aparece em segundo lugar, ao lado de São Paulo, e atrás de Goiás.
Veja os dados do ensino médio no País e no RS:
Localidade
Ideb 2011
Ideb 2013
Meta
Brasil
3,7
3,7
3,9
Rio Grande do Sul
3,7
3,9
4,3
Veja o ranking das escolas estaduais:
Localidade
Ideb 2011
Ideb 2013
Meta
Goiás
3,7
3,7
3,9
Rio Grande do Sul
3,7
3,9
4,3
São Paulo
3,9
3,7
3,9
Rio de Janeiro
3,2
3,6
3,3
Santa Catarina
4,0
3,6
4
Indicador de qualidade
O Ideb é calculado a partir do rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e do desempenho dos alunos na Prova Brasil, aplicada pelo governo federal a cada dois anos. Cada escola do País recebe uma nota, assim como as redes de ensino, os municípios e os estados.
A Prova Brasil avalia o desempenho de estudantes em língua portuguesa e matemática no final dos ciclos do ensino fundamental, 5º ano e 9º ano, e no 3º ano do ensino médio. A partir desses dados, o Ideb atribui uma nota diferente para três etapas da educação básica: anos iniciais do ensino fundamental (1° ao 5º ano), anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio.
Ouça a íntegra da entrevista com o ministro da Educação, Henrique Paim