Isso mesmo. O exército indiano passou seis meses investigando "drones chineses" que violavam o seu espaço aéreo apenas para descobrir que os espiões eram, na verdade, os planetas Júpiter e Vênus.
Há algumas semanas, noticia a edição indiana do jornal The Telegraph, as forças armadas do país pediram a presença de dois astrônomos do Instituto de Astrofísica na região fronteiriça de Ladakh. Eles deveriam resolver um mistério que vinha se estendendo desde agosto do ano passado. Até fevereiro deste ano, o exército indiano havia documentado 329 observações dos "objetos não identificados" sobre Thakung, nos arredores de um lago que serve de divisa entre a Índia e o Tibete.
Segundo os militares, por 155 vezes Júpiter e Vênus violaram os limites fronteiriços entre a China e a Índia. O primeiro objeto seria visível das 18h às 5h, e o segundo das 4h às 11h.
O "mistério" surgiu num momento em que o exército da Índia, de acordo com analistas, se preocupa com invasões da China a partir de veículos aéreos não-tripulados.
Os astrônomos recrutados trabalham no telescópio mais alto do mundo, em Hanle, cerca de 150 km a sul do local em que os planetas foram avistados.
Observadores do exército disseram aos astrônomos que havia um atraso de quatro minutos a cada nova aparição de um dos "drones chineses". Os dois objetos teriam as "luzes mais brilhantes no céu" e se moveriam conforme as estrelas.
Depois de registrar o ângulo horizontal e a elevação vertical dos dois objetos, entre 17 e 22 de fevereiro, o exército enviou os dados para os astrônomos, que concluíram que o primeiro objeto era o maior planeta do Sistema Solar. Ora conhecido como "estrela da manhã", ora como "estrela da tarde", Vênus vinha surgindo nas primeiras horas do dia, logo "desaparecendo" atrás do Sol. Nos próximos meses, preveem os astrônomos, esse espião chinês deve preferir invadir o território indiano à noite.
A região ocidental de Ladakh foi onde eclodiu a guera na Indochina em 1962. Nos últimos anos, ambos os países têm desenvolvido veículos aéreos de espionagem.