Não há mais como desvincular empreendedorismo de sustentabilidade. À medida que a sociedade se conscientiza da necessidade de cuidar do planeta, também passa a escolher consumir produtos e serviços que compartilhem essa ideia. Assim como organizações consolidadas implementam políticas verdes, novas empresas surgem com formatos especialmente voltados para suprir essa demanda.
Na Feira do Empreendedor, que ocorre de 27 a 30 de setembro no Centro de Exposições da Fiergs, em Porto Alegre, interessados em abrir um negócio amigo da natureza poderão buscar inspiração. Serão apresentadas sugestões de empreendimentos que se encaixam nesse perfil, e consultores do Sebrae/RS irão orientar os futuros empresários na implementação dessas ideias.
Propostas ecológicas
Organizadora de eventos carbono neutro: além de estar comprometida com os serviços que presta, essa empresa deve considerar mudanças de padrões de comportamento, de produção e consumo em toda a cadeia produtiva, adotando práticas sustentáveis em suas rotinas, antes, durante e depois da realização de cada evento, com o objetivo de redução contínua das suas emissões de gases do efeito estufa.
Produção de biojoias: adornos produzidos a partir de materiais extraídos da natureza sem causar quaisquer prejuízos ao ambiente. As biojoias ainda se caracterizam pela valorização da cultura brasileira, pois se identificam e resgatam elementos da história, crenças, valores e tradições do povo brasileiro, considerando aspectos regionais.
Retífica ecológica: o empresário desse ramo deverá elaborar um plano específico de gestão sustentável do empreendimento, dando atenção especial ao descarte de óleo, graxas, componentes e peças. Também precisa dar atenção especial à destinação da água e dos resíduos.
Indústria de pavimento ecológico: a utilização sustentável dos resíduos tem colaborado para a pavimentação de vias. Isso representa melhoria na vida das pessoas, organizando o uso do solo, tirando o pó das ruas e permitindo a trafegabilidade mesmo em dias de chuva, assim como essa pavimentação reduz e retira o lixo das ruas e córregos.
Carpintaria verde: utilizando produtos reciclados e reutilizando o que antes era lixo, sucata e resíduos florestais, as carpintarias verdes prestam serviços e produzem assoalhos, prateleiras, mesas, cadeiras, armários e muitos outros objetos desejados por consumidores do Brasil e do Exterior.
Fonte: Sebrae-RS
Moda em ciclo virtuoso
A única certeza de Henrique Lopes Garrido ao abrir um negócio era a de que o empreendimento teria de focar na sustentabilidade. Com esse espírito, em 2009 o estudante de administração decidiu montar a Agreen: empresa de roupas de tecido feitos com 100% de fibra natural (excluindo qualquer tipo de processo químico ou sintético).
Empenhado em unir um conceito ao produto que venderia, o jovem contou com a parceria do pai, Ivan Garrido, para reforçar as características ambientalmente corretas do negócio: passou a utilizar etiquetas feitas de fibra de bambu, reduziu processos químicos na estamparia e aboliu o plástico em todo o processo.
- Já tivemos uma loja física e trabalhamos com vendas pela internet. Além de comprar, nossos clientes interagem com a gente e compartilham da preocupação com a natureza. Assim, vemos que cumprimos o nosso objetivo de vender mais do que um produto, mas a vontade de ver um mundo mais verde - destaca o empresário.
Consciência ecológica e lazer
Em 1995, o conceito de sustentabilidade começava a ganhar corpo no Brasil e o casal Ditmar e Isabel Bellman já percebia a sua importância para os negócios. Logo que abriu o Hotel Pousada Blumenberg, em Canela, causavam estranheza com algumas práticas não usuais para época.
- No início, alguns clientes não entendiam a nossa proposta de fazer rodízio de toalhas, por exemplo. Hoje, as pessoas têm mais consciência da importância de não gastar água desnecessariamente - conta o proprietário.
Com uma clientela fiel, a pousada triplicou sua capacidade de acomodação. Por compartilhar a preocupação com o ambiente, os hóspedes costumam retornar, satisfeitos pela possibilidade de unir atitudes ecológicas aos momentos de lazer.
Reaproveitamento no teto da casa
Quando o ex-produtor rural Gerson Luiz Zart decidiu se aventurar como empresário, resolveu estender o amor pelo verde para além do campo e fez uma pesquisa sobre possibilidades de negócios amigos da natureza. Após um levantamento de mercado, Zart abriu a GLZ Telhas indústria de telhas e laminados feitos a partir do reaproveitamento de embalagens tetrapark.
Com o apoio da mulher, Tatiana Petry, em 2007, implementou o empreendimento em Santa Cruz do Sul. Hoje, a fábrica tem o dobro de empregados, e a produção aumentou em 50%. A maior dificuldade da empresa, atualmente, está na captação da matéria-prima.
- A população está atenta e faz a sua parte. Mas aí a dona de casa separa o lixo, e o coletor acaba misturando tudo. O intermediário não está fazendo a sua parte - alerta o empresário.
Orgânico na mesa da família
A experiência do primeiro filho foi um divisor de águas na vida de Maria Fernanda de Thomé Rizzo. Da necessidade de oferecer alimentação saudável para o filho, surgiu a ideia de criar o Empório da Papinha, com a parceria de Mara Cristina de S. Miranda e Sonia Thomé. Os produtos, feitos exclusivamente com ingredientes orgânicos, ganharam adeptos em todo o país.
- Abrimos a loja em 2009, hoje, temos 10 unidades, sendo uma em Porto Alegre, e cinco a serem inauguradas - diz Mara, que também é a nutricionista da empresa.
Para garantir o padrão do empreendimento, as sócias monitoram as franqueadas a cada seis meses. De acordo com Mara, é fundamental que todas as lojas sigam com as ações de sustentabilidade.