Inseridos dentro de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, profissionais de diversas áreas têm procurado voltar à sala de aula em busca de atualização. Nesse cenário, os cursos de pós-graduação têm se mostrado muito atraentes. Conforme a Pesquisa de Cursos de Graduação e Pós-Graduação, elaborada pelo Instituto Semesp em 2021, o número de alunos em cursos de especialização no Brasil ultrapassou 1,35 milhão, o que representa um crescimento de 4,7% em relação ao ano anterior, quando houve 1,29 milhão de matrículas.
— A pós-graduação tem esse papel de educação ao longo da vida, podemos fazer várias especializações. Isso deixa um registro no currículo e também denota um perfil de profissional em busca de atualização permanente, de reposicionamento de carreira ou de elemento complementar à graduação — valoriza a pró-reitora de Graduação e Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Adriana Kampff.
Por aliarem flexibilidade de horários e custo-benefício ao objetivo central de expandir conhecimento, as pós-graduações em Educação a Distância (EAD) têm sido grandemente demandadas – inclusive em alguns cursos de mestrado e doutorado autorizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de forma semipresencial. Segundo o mesmo levantamento do Semesp, a alta no número de inscritos em pós-graduação em 2021 foi de 288% em relação ao período pré-pandemia. Educação é a área com maior procura, com 37,5% das matrículas, seguido por Ciências Sociais, Negócios e Direito (37,2%) e Saúde (13,8%).
Para atender esse público, as mais reputadas instituições de ensino do país vêm investindo na atração de recursos humanos. Ter nomes respeitados – tanto do cenário acadêmico quanto do mercado – no quadro de docentes é um um diferencial que se converte em trunfo no momento que a oferta está em constante ampliação.
— A EAD está fundamentada na produção do conteúdo, e isso vem do professor. E a tecnologia propicia a formação de um corpo docente muito rico, com nomes do Brasil, da Argentina, de Portugal. Isso traz um enriquecimento para a carreira do aluno — diz a diretora de Captação e Novos Negócios da Feevale, Tamires Becker.
Como não poderia deixar de ser, o uso de tecnologias e de variados recursos de mídia fazem parte da estratégia para encantar o estudante-trabalhador, perfil majoritário das especializações online.
— Precisa também ser um trabalho de muita qualidade, feito a partir da realidade, a partir da discussão da prática, com muitos cases, com muitos referenciais atuais e importantes, juntamente com professores que são referência. Isso traz um conteúdo dinâmico, aplicabilidade, vigor e atualidade para as aulas — enumera Adriana.
Outra tendência entre as instituições de ensino é derrubar o estigma que a palavra distância carrega e desenvolver estratégias para não permitir que a presencialidade reduzida atrapalhe a proximidade entre alunos e docentes. Na PUCRS, por exemplo, a expressão “EAD” perde espaço para “ensino online”, e a figura do tutor foi dispensada. A realização de aulas síncronas (ao vivo), que permitem troca de ideias entre professores e alunos, é outra ferramenta de interação.
— Chamamos de online porque nosso material está permanentemente à disposição e porque o estudante tem contato com o professor durante toda a sua trajetória. Esse contato se dá por meio de fóruns e na orientação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), por exemplo, que é quando o aluno coloca em prática tudo o que ele aprendeu no seu contexto e busca uma aplicabilidade. Entendemos que o modelo hoje avança por isso — diz Adriana.