Uma cena incomum é encontrada no pátio da Escola Estadual Maria Dolores Freitas Barros, no bairro Santa Marta, em Passo Fundo. Um ginásio pela metade é o que os estudantes possuem para fazer as aulas práticas de Educação Física. Aguardada há quase 20 anos, a obra foi iniciada em 2015 e interrompida na metade de 2017. Até hoje não foi concluída.
Cansada de aguardar pela entrega do ginásio, a comunidade escolar tomou uma iniciativa: com recursos próprios e até mesmo "vaquinha" dos estudantes, conseguiu comprar traves e goleiras, além de fazer as marcações em tinta. No local, são encontrados escombros e restos da obra inacabada.
- O ginásio da Escola está abandonado há anos. Ele não foi terminado. Não foi dado andamento, a verba da obra foi recolhida. O ginásio está coberto, mas faltam pisos, vestiário, banheiro - disse a diretora da escola, Roselaine Hofmann.
A coordenadora da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Carine Weber Imperator, relatou que, na época, a empresa vencedora da licitação desistiu da reforma. Com isso, foi necessário realizar a atualização de valores para dar continuidade na obra, que ainda não aconteceu.
- Isso está rodando, é uma das prioridades. A nossa intenção é que o ginásio e a escola sejam contemplados no Projeto da Escola-Padrão - defende Carine.
Escola Lucille Fragoso de Albuquerque só deve receber aulas em abril
Já no bairro Vera Cruz, a Escola Lucille Fragoso de Albuquerque segue de portões fechados há quatros anos. Nesta semana, o colégio foi desinterditado após a reforma da estrutura elétrica. No entanto, as aulas não retornam no espaço em 23 de fevereiro, conforme calendário letivo estadual, em função de uma nova reforma estrutural que deve ser feita.
A previsão é que a escola possa voltar a funcionar no espaço de origem apenas em abril. Desde que foi interditada, a escola realocou os 300 estudantes para a Escola João de Césaro, em anexo ao Senai, também no bairro Vera Cruz.
O prédio da escola deve passar por uma reforma que envolve o pátio, salas de aula, entre outros espaços que foram depredados pela comunidade após a interdição.
- Durante o período que ficamos sem vigilância na escola, várias invasões aconteceram por vândalos que depredaram todas as salas. Essas destruições acabaram exigindo mais consertos e mais investimentos - declara a diretora da Escola, Solange Aparecida Rocha Martins.
- É uma prioridade para que a obra seja agilizada. A Lucille é a nossa demanda de mais tempo. Houve a interdição, problemas elétricos, veio a pandemia. A rede elétrica foi concluída e conseguimos a desinterdição nesta semana - disse a coordenadora.
A escola passou por depredação de vidros, salas de aula, banheiros, portas e mobiliários nos episódios citados pela diretora.
Três escolas com obras emergenciais na região
Além da Lucille, outras duas escolas também estão com obras atrasadas: a Escola Estadual de Ensino Médio Prof. Claudio Antonio Benvengnú, de Água Santa, e a Escola Indígena Monte Caseiros, em Ibiraiaras.
A Escola Prof. Claudio Antonio Benvegnú foi atingida por um incêndio em julho de 2022. O fogo alastrou o segundo andar da instituição e destruiu o telhado e três salas de aula.
Empresários se mobilizaram para doar recursos próprios para a restauração da escola. Nos últimos meses, a Secretaria-Geral do Estado e a Secretaria de Obras realizaram um estudo para verificar a possibilidade da reforma não ser por licitação, segundo a 7ª CRE.
- Nos pediram para que não fosse licitação. Querem doar recursos. Isso é um case, nunca aconteceu isso. Fizemos um estudo jurídico para viabilizar essa doação - declara Carine.
A coordenadora relatou que a reforma na escola de Água Santa tem previsão para iniciar depois do Carnaval, na próxima semana.
Já a Escola Indígena Monte Caseiros, em Ibiraiaras, está com a estrutura improvisada após um pinheiro ter caído e danificado o prédio com rachaduras no piso. Com o impacto, o teto também acabou cedendo.
A escola improvisou espaços externos, como a varanda, para oferecer as aulas. Segundo a 7ª CRE, contêineres temporários devem ser contratados para qualificar o atendimento aos estudantes.
- Essas três escolas passaram por problemas de questões estruturais, uma envolvendo interdição. As três estão com seus casos encaminhados para os próximos dias - afirma a coordenadora Carine.
Escola-Padrão é analisada para Passo Fundo
As escolas Lucille Fragoso de Albuquerque e Maria Dolores Freitas Barros foram indicadas pela 7ª CRE para serem contempladas no Projeto Avançar na Educação, do governo estadual, que visa melhorar a infraestrutura física e tecnológica das escolas por meio de escolas-padrão.
- Temos uma expectativa, estamos aguardando. Hoje nos faltam espaços físicos, não temos salas à disposição para novas turmas - pontua a diretora Roselaine, da Escola Maria Dolores Freitas Barros.
O projeto prevê a qualificação de espaços coletivos e individuais, pátio, refeitório, áreas tecnológicas, como sala maker (de compartilhamento de experiências e soluções). Ele está em fase de licitação de projeto para ambas escolas.
Não há prazo definido para que as obras do projeto iniciem, já que a prioridade de momento é com os casos emergenciais das escolas estaduais.
Cpers relata atraso na recuperação das escolas
O Sindicato dos Professores e Funcionários de Escolas do RS (Cpers) relata a expectativa para as obras. O diretor do 7º Núcleo do Cpers Passo Fundo, Orlando Marcelino da Silva, aponta o atraso na recuperação das escolas em meio à pressa da comunidade.
- Temos de três a quatro escolas em Passo Fundo, a escola de Água Santa, que aguardam melhorias. Temos situações graves na região, que precisam de maior atenção. Algumas até conseguiram algumas pequenas reformas, mas ainda possuem uma estrutura precária - declara.