
Um movimento que quer transformar a forma de ensinar no Rio Grande do Sul foi tornado público na manhã desta terça-feira (31) na Casa de Cultura Mario Quintana, no Centro Histórico de Porto Alegre. No evento de lançamento do Pacto pela Educação, foram apresentadas as diretrizes que balizarão as atividades, além da promessa de que, em 40 dias, algumas ações já terão sido traçadas, para que o grupo parta para a prática.
Os fundadores do movimento são dez pessoas com diferentes trajetórias – nem todas, inclusive, ligadas à educação. Há, por exemplo, nomes de setores corporativos e relacionados à inovação, e também profissionais conectados diretamente com a área do ensino. Veja quem participa do grupo:
- Alyne Jobim: empreendedora, é sócia-fundadora da marca de jalecos, uniformes e roupas corporativas autocentradas Iwosan. Também é executiva comercial da associação de afroempreendedorismo Odabá.
- Bruno Eizerik: diretor da Faculdade Monteiro Lobato. Também é presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS) e da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
- Cesar Paz: empreendedor, é fundador da Ecosys e sócio da Pipeline Capital. Tem longa trajetória no setor de softwares.
- Elis Radmann: cientista social e política. Fundou o Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), do qual é diretora.
- Gustavo Borba: professor do curso de Design da Unisinos. Na mesma instituição, é diretor do Instituto para Inovação na Educação.
- Jorge Audy: cofundou o Tecnopuc, parque científico e tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Analista de sistemas, também é superintendente de Inovação e Desenvolvimento da instituição.
- Leandro Duarte Moreira: head de Inovação no Transforma RS - Hub Colaborativo. Também atuou na Agenda 2020.
- Marcelo Rech: o jornalista é presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
- Mônica Timm de Carvalho: formada em Letras, já foi professora, orientadora pedagógica e diretora de escola. Hoje, é CEO da plataforma de leitura Elefante Letrado.
- Ronald Krummenauer: CEO do Transforma RS - Hub Colaborativo. Em 2017 e 2018, foi secretário estadual de Educação.
Krummenauer destaca que o movimento é exclusivo de pessoas físicas, ainda que estas possam estar vinculadas a instituições ou entidades, porque o grupo entende que a educação é uma responsabilidade de todos.
— Se dependermos só dos governos, já sabemos as respostas. Não estamos bem na educação. Nossa proposta é trazer a sociedade para um movimento de “CPFs” que contribuam com a educação do Rio Grande do Sul. A educação é uma responsabilidade muito maior do que só dos governos — pontua o ex-secretário.
A ideia é que o Pacto pela Educação ganhe cada vez mais adeptos, que podem assinar o “Manifesto por um Pacto pela Educação” ou se inscrever para participar como voluntários, financiadores ou dando sugestões no site da iniciativa. O recebimento de assinaturas e inscrições ocorrerá nos próximos 30 dias e, depois, os interessados serão chamados para colocar a mão na massa.
— A ideia inicial é entender como, dentro da sociedade civil, cada um vai atuar, se como voluntário, trazendo projetos ou como investidor. A partir daí, pegamos esses atores e, junto com as escolas, em sua maioria públicas, unimos esses projetos de pessoas que estão dispostas a ajudar com pessoas que precisam desse auxílio — explica Alyne Jobim, fundadora que faz parte do comitê executivo do Pacto pela Educação.
Por enquanto, não há projetos definidos – apenas sete diretrizes que guiarão a construção das ações. Veja quais são os balizadores da iniciativa:
- Educação como base do desenvolvimento social, ambiental e econômico
- Educação como responsabilidade coletiva
- Educação baseada em evidências
- Valorização e formação continuada dos profissionais da educação
- Avaliação do impacto da docência na aprendizagem
- Reorganização da governança na educação
- Novos ambientes de aprendizagem
— Vamos envolver cada vez mais gente nessa proposta e aí acharemos espaços de participação, mas frisando que não será influenciar a autonomia das escolas ou ocupar o papel que é do professor e do gestor escolar. Não queremos e não devemos fazer isso, mas nos colocar à disposição para demandas que são trazidas por eles mesmos, que estão à frente do processo, como forma de equacionar de maneira mais rápida e ágil aquilo que precisa ser feito — resume Mônica Timm de Carvalho.
Alyne cita como exemplo de contribuições possíveis a construção de espaços tecnológicos, ações voltadas para a cidadania e a oferta de atividades de contraturno.
— Não temos a fórmula mágica, mas temos pessoas engajadas, que acreditam nesse movimento. A ideia é sempre ouvir os dois lados: entender dentro da escola pública quais são os principais fatores que fazem a educação estar como está e buscar ferramentas e atores que possam minimizar esses problemas — destaca a integrante do comitê executivo.
A iniciativa surge em um momento em que o Rio Grande do Sul vive um cenário considerado como de urgência educacional – segundo avaliação feita pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), apenas 1% dos alunos do último ano do Ensino Médio têm desempenho adequado em Matemática, por exemplo. O déficit de aprendizagem e a defasagem idade-série são alguns dos pontos a serem combatidos pelas iniciativas.