Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (17), o Ministério da Educação (MEC) apresentou uma reformulação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As novas diretrizes passarão a valer a partir de 2024.
A principal mudança é que o exame será constituído de duas partes, chamadas pelo ministério de instrumentos. O primeiro deles será comum para todos os participantes, e abrangerá a formação geral básica do novo Ensino Médio, tendo como referência a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A matriz de referência deste instrumento contemplará articulações entre competências gerais e específicas e habilidades das áreas do conhecimento, com maior ênfase em Língua Portuguesa e em Matemática.
Já o segundo instrumento abordará os itinerários formativos do Ensino Médio — ou seja, a parcela das aulas que os estudantes podem optar por frequentar ao longo desta etapa da vida escolar. Neste caso, os participantes do exame deverão escolher apenas um dos quatro possíveis blocos, cada um deles correspondendo a uma combinação binária entre áreas de conhecimento. São eles:
- Bloco I: Linguagens e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais aplicadas
- Bloco II: Matemática e suas Tecnologias + Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Bloco III: Matemática e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais aplicadas
- Bloco IV: Ciências da Natureza e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais aplicadas
A avaliação do domínio da Língua Inglesa ocorrerá de forma integrada com as áreas da primeira etapa, que também incluirá uma avaliação da produção de textos em Língua Portuguesa, tanto na forma de redação quanto em questões dissertativas.
De acordo com a pasta, as mudanças são consequências da implementação do novo Ensino Médio e começaram a ser debatidas ainda no ano passado por um grupo de trabalho multidisciplinar. O objetivo da equipe era propor um novo formato para o Enem, que atendesse à realidade da escola como espaço de convivência e de relações sociais, de aprendizagens essenciais e de oferta de trajetórias diversificadas.
— O Enem precisa acompanhar a evolução da educação brasileira, das avaliações internacionais e da reforma do Ensino Médio. O modelo apresentado hoje contempla a flexibilidade curricular, permitindo que as aptidões e escolhas dos jovens sejam consideradas — disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
O novo Enem também promoverá, segundo o MEC, a transição gradual para a realização de provas digitais e avançará na utilização de novas tecnologias, como plataformas adaptativas, novos processos de correção automatizada que acelerem a divulgação dos resultados com maior precisão e inteligência artificial para correção de itens abertos e da redação. A pasta afirma que as provas físicas serão mantidas até que o acesso tecnológico seja garantido para todos os participantes.
Como vai funcionar
Ao detalhar as etapas no novo Enem, o secretário de Educação Básica Mauro Rabelo explicou que a primeira etapa apresentará questões contextualizadas e interdisciplinares. Assim, o instrumento avaliará a capacidade do estudante de fazer inter-relações entre os componentes básicos e o conhecimento adquirido em todas essas áreas. Em relação à Língua Inglesa, Rabelo esclareceu que sua avaliação será integrada às demais áreas e exemplificou:
— Pode ter uma questão de História escrita em inglês para que o estudante avalie e responda à pergunta relativa à questão de História.
O secretário também afirmou que o grupo de trabalho estabelece que esse instrumento pode ter questões de diferentes formatos, não apenas de múltipla escolha, com cinco opções, como é atualmente. Segundo ele, há diversos formatos que podem servir de inspiração para que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) construa a primeira etapa.
— Sugerimos que, se tiver itens abertos juntos com a redação, eles representem 25% da pontuação. Ou seja, dar um peso grande para a competência de produção escrita, porque isso é importante para qualquer aluno que deseje ingressar no Ensino Superior — disse.
Sobre a segunda etapa do exame, Rabelo ressaltou que o candidato deverá escolher o bloco de acordo com a área que está vinculada ao curso superior que ele pretende cursar. Este instrumento também poderá ter questões de diferentes formatos, inclusive dissertativas. Essa decisão, entretanto, cabe ao Inep, que é o responsável pela execução do exame.
Para fins de acesso, as instituições de Ensino Superior deverão considerar os resultados de ambas as partes do Enem, conforme o secretário.
Entenda o que muda com o novo Enem
Como é: atualmente, o exame é composto por quatro áreas do conhecimento — Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias — e redação. As provas, que têm 45 questões objetivas de cada área, são aplicadas em dois dias e todos os alunos respondem as mesmas questões, embora os cadernos as apresentem em ordens diferentes.
Como fica: a partir de 2024, o exame será dividido em apenas duas partes. A primeira será igual e obrigatória para todos os participantes, com questões interdisciplinares para avaliar competências e habilidades da formação geral. Nesta etapa, entrará a Língua Inglesa e a redação. Também pode haver questões de diferentes formatos, não apenas objetivas. A segunda vai avaliar os itinerários formativos do novo Ensino Médio. Haverá quatro blocos e cada um representará a combinação duas áreas do conhecimento. O participante escolherá somente um deles para responder, de acordo com sua opção de curso Superior.