Um protesto realizado na tarde desta quinta-feira (10) pede a criação de uma Casa do Estudante Indígena pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O grupo que faz essa reivindicação ocupa desde domingo (6) o antigo prédio da então Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), que fica ao lado do túnel da Conceição.
A manifestação foi seguida de uma reunião com a reitoria da instituição de ensino, iniciada por volta das 16h30min. Até o fechamento desta matéria, o encontro ainda estava em andamento. A vice-reitora Patricia Pranke, integrantes da Pró-Reitoria de Graduação e da Comissão de Ações Afirmativas (CAF) receberam uma comissão formada por lideranças indígenas.
A reunião está sendo mediada pela Coordenação da Unidade dos Povos Indígenas, Imigrantes, Refugiados e Direitos Humanos (Upiirdd) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), com quem os manifestantes já se reuniram nesta semana, em virtude de o prédio ocupado ser de propriedade da prefeitura. No encontro anterior, o município informou que fará um levantamento para averiguar se algum de seus prédios poderia se adaptar às necessidades de uma casa de estudante e se há a possibilidade de a prefeitura cedê-lo.
A principal justificativa para a demanda por um espaço de residência específico para indígenas são as especificidades desses alunos, como costumes e organização social, principalmente pelo fato de não ser permitido que os universitários contemplados com moradia estudantil abriguem seus filhos. O caso ganhou força nesta manhã, quando alunos denunciaram que um cacho de banana foi colocado na porta de uma estudante indígena dentro da atual Casa do Estudante, localizada na avenida João Pessoa.
Ocupação da reitoria
A reunião na reitoria se encerrou por volta de 19h30min. Sem obter os retornos esperados, os estudantes realizaram um protesto e anunciaram que iniciariam uma ocupação na reitoria até que tivessem suas demandas atendidas. Cerca de 130 pessoas participaram do protesto.
— O intuito era somente realizar a reunião com os órgãos presentes. Mas foi necessária a ocupação pois desde ontem está tendo reunião e não se tinha uma reposta concreta da vice-reitoria — explica a estudante do curso de Odontologia da UFRGS Tailine Kaingang, 21 anos.
Após cerca de uma hora com o Salão Nobre ocupado, a reitoria da UFRGS assinou um documento se comprometendo a dialogar com a prefeitura de Porto Alegre na busca pela doação de um prédio municipal para a construção da Casa do Estudante Indígena. A reunião entre a universidade, a Prefeitura e o movimento indígena ocorrerá nesta sexta-feira (11), às 15h.
No documento entregue aos manifestantes, a vice-reitora, Patrícia Pranke, também se comprometeu em repassar as demandas do grupo ao reitor Carlos André Bulhões, que está viajando e deve retornar às atividades na segunda-feira (14).