A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desligará, nesta segunda-feira (6), 195 candidatos com vínculo provisório, que dependiam de análise de matrícula para seguirem na instituição. A maior parte deles havia ingressado por meio de cotas e aguardava a finalização da avaliação. A matrícula provisória é cancelada caso o candidato não cumpra as exigências do edital para a vaga pretendida.
Segundo a Comissão Coordenadora de Ingresso em Cursos de Graduação da UFRGS, a avaliação das candidaturas é fluxo contínuo. Assim como a publicação dos resultados para os candidatos no Portal do Candidato.
Com a pandemia de coronavírus, as análises ocorreram ao longo de 2020, mas não houve desligamentos ao final do semestre 2020/1. Por isso, apenas agora, no encerramento do semestre 2020/2, é que estes alunos serão descontinuados. Isso acarretou num acúmulo de universitários provisórios que deixarão de fazer parte da instituição.
Entre os que não cumpriram as regras do edital há candidatos de ampla concorrência que não comprovaram as condições de conclusão do Ensino Médio, o que é obrigatório por lei para ingressar em curso superior, e que não entregaram a documentação completa exigida pelo edital, mesmo quando lhe dado nova oportunidade para fazê-lo. Também há quem não comprovou a condição de pessoa com deficiência, de ser egresso de escola pública (exigência para vaga por cotas), que não participou das sessões de verificação presencial da autodeclaração e ainda candidatos que afirmaram ter renda de 1,5 salário mínimo per capita, no entanto, valor ficou acima do exigido pelo edital.
Ainda de acordo com a Comissão, a matrícula provisória não é obrigatória. O candidato pode escolher aguardar a finalização da avaliação para, então, iniciar o curso. Nas normas básicas da graduação da universidade, há o alerta sobre a matrícula provisória, que pode ser cancelada em caso de o aluno não cumprir as determinações exigidas.
A UFRGS divulga as análises no final de cada semestre para que o aluno provisório, que optou por cursar mesmo sem ter a candidatura homologada, possa utilizar as notas em outra instituição ou na própria UFRGS, no caso de passar por novo vestibular.
Os candidatos com matrícula provisória foram informados da decisão por e-mail em 27 de maio. E receberam um novo e-mail em 2 de junho. O desligamento ocorre nesta segunda (7).
Todas os prazos para envios de documentos e respostas às solicitações das equipes de avaliação constam nos editais para ingresso na universidade. Desde 2019, o portal do candidato, canal virtual por onde os alunos enviam a documentação e recebem o retorno, dispara um e-mail automático a cada alteração positiva ou negativa da análise da matrícula. A maior parte dos que serão desligados já estava informado sobre a decisão de não homologação do vínculo.
Estudantes são contra a decisão da UFRGS
No sábado (5), um grupo de estudantes do curso de Psicologia criou um abaixo-assinado virtual contra a decisão da universidade. Em 24 horas, havia 700 assinaturas. O texto "Contra os desligamentos dos cotistas da UFRGS! Pela Matrícula Integral de Todos os Estudantes!" exige da reitoria da instituição a matrícula dos que estão sendo desligados.
Uma das idealizadoras do abaixo-assinado, a estudante do sexto semestre de Psicologia, Gabriela Mueller Danieli, 23 anos, integrante do Coletivo Faísca, considera a situação uma política de exclusão dos cotistas e de cortes de gastos dentro da universidade. Ela cita o caso de uma aluna que precisou apresentar declaração de renda de um irmão de oito anos, com prazo curto para obter o documento e outra candidata que aguardou mais de um ano e três meses para ter os documentos avaliados. A intenção do abaixo-assinado é mostrar a força dos universitários.
— Acreditamos que precisamos mobilizar o máximo de forças possíveis para que estes estudantes não sejam desligados e tenham suas matrículas confirmadas. Todos têm direito de estudar numa universidade pública — afirma Gabriela.
O DCE da UFRGS está organizando um ato presencial na reitoria na manhã desta segunda-feira, às 10h30min, para reivindicar a abertura de novo prazo para envio e avaliação de documentos. O DCE não defende a homologação de todas as matrículas, mas a garantia da efetivação das matrículas que se enquadram na modalidade de reserva de vagas.