Mais uma vez Jair Bolsonaro quebrou a tradição de nomear como reitor o primeiro colocado na lista tríplice enviada pelas instituições federais e indicou como reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a professora Isabela Andrade, e não Paulo Roberto Júnior, docente que havia sido indicado como reitor na campanha eleitoral e também na lista. A decisão gerou insatisfação na instituição.
Por meio de nota, Uma UFPel Diferente (atual gestão) e UFPel Diversa (chapa eleita) repudiaram a decisão do presidente da República. No comunicado eles afirmaram que respeitar a vontade da comunidade é um pressuposto básico da democracia e afirmaram não estarem surpresas com a nomeação, tendo em vista outros movimentos dados pelo governo federal:
— Infelizmente, em um governo federal, cujo líder faz apologia a torturadores, nega o racismo, é condenado por ofensas contra mulheres e prega a não vacinação da população, não é surpresa que sejamos golpeados em nossa democracia e autonomia.
O grupo afirma ainda que, nos próximos dias, irão se reunir com os organizadores das eleições internas e uma coletiva de imprensa será realizada nesta quinta-feira (7), às 17h.
Por fim, dizem que buscarão reverter esta situação.
— A UFPel está em luta e fará de tudo, nos campos jurídico e político, para reverter essa vergonhosa decisão da Presidência da República.
Vale lembrar que, desde 2003, era nomeado e empossado como responsável pela universidade o reitor pertencente à chapa vencedora nas eleições realizadas junto à comunidade acadêmica. Contudo, o governo federal tem prerrogativa legal de indicar qualquer um dos três nomes indicados na lista tríplice para reitor das instituições federais de ensino.
Nota-se ainda que Isabela integrou a chapa UFPel Diversa, que teve Paulo Roberto Ferreira Júnior como candidato a reitor e que encabeçou a lista tríplice. No Conselho Universitário, optou-se por formar a lista apenas com os membros da chapa vencedora — a intenção foi valorizar a escolha de docentes, alunos e funcionários.
Caso da UFRGS
Outra nomeação tumultuada foi a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A consulta pública realizada em meados de julho na instituição havia eleito a chapa de Rui Oppermann e Jane Tutikian como a vencedora – ambos estavam em busca do segundo mandato como reitor e vice-reitora respectivamente. Porém, Bolsonaro nomeou Carlos Bulhões e Patrícia Pranke, como diretor e vice-diretora da instituição, em 16 de setembro do ano passado.
O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH-UFRGS) e a docente da Faculdade de Farmácia faziam parte da lista tríplice, mas foram os menos votados nas eleições, ficaram em terceiro lugar na preferência da comunidade acadêmica. Tanto após a nomeação quanto no primeiro dia de trabalho, a nova gestão foi alvo de protestos.