As instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul viram o número de ingressantes nos cursos de graduação presencial cair 16,1% em 2019, mas ainda assim mantiveram um total na faixa dos 215 mil alunos. Isso porque houve um aumento praticamente na mesma proporção, de 16,2%, dos estudantes que ingressaram em cursos de educação a distância (EAD). No ano passado, 57,5% dos universitários no Estado estavam matriculados em EAD, enquanto em 2018 esse percentual era de 49,4%.
Os dados fazem parte dos resultados do Censo da Educação Superior 2019, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (23).
Quanto às matrículas, as instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul perderam, entre 2018 e 2019, 31.761 alunos em cursos de graduação presencial: uma queda de 8,74% - em 2018, eram 363.137, e, em 2019, 331.376. A diminuição foi puxada pelos estudantes de faculdades, centros universitários e universidades da rede privada, que viram seu total de matriculados diminuir 12,58% no ano passado, totalizando 225.059. Na rede pública, por outro lado, houve um tímido aumento de 0,61%, chegando a 106.317 universitários em cursos presenciais.
O total de ingressantes no Ensino Superior em todo o país cresceu 5,4%, apesar de um registro de queda nos cursos de graduação presenciais. Em 2019, 3,6 milhões de alunos ingressaram em cursos de graduação, e, desse total, 84,6% preencheram vagas em instituições privadas.
O aumento do número de ingressantes entre 2018 e 2019 foi ocasionado, exclusivamente, pela modalidade a distância, que teve uma variação positiva de 15,9%. Nos cursos presenciais, houve um decréscimo de 1,5%. Em 2019, no país, 43,8% dos universitários estavam matriculados em cursos presenciais e 56,2% em graduações no formato EAD.
Ainda no cenário nacional, a tendência de crescimento do ensino a distância se confirma ano após ano na educação superior brasileira. No ano passado, 63,2% (10.395.600) das vagas ofertadas foram nessa modalidade, entre as 16.425.302 vagas disponíveis para o nível de ensino. Em 2019, pela primeira vez na história, o número de ingressantes em cursos de EAD ultrapassou a quantidade de estudantes que iniciaram a graduação presencial, na rede privada. Ao todo, 50,7% (1.559.725) dos alunos que ingressaram em instituições privadas optaram por cursos de EAD. Em contraponto, 49,3% (1.514.302) dos estudantes escolheram ingressar na educação superior de modo presencial.
Quando se trata do acesso dos alunos à graduação ao longo da última década, o levantamento aponta que, entre 2009 e 2019, o número de matrículas em cursos a distância aumentou 378,9%. Ingressantes em cursos de EAD correspondiam a 16,1% do total de calouros em 2009. Dez anos depois, esse público representava 43,8% do total de estudantes que iniciavam a educação superior. Ao mesmo tempo, nesta década, houve um aumento de 17,8% dos que optaram por cursos presenciais para iniciar a graduação.
Para o economista Rafael Baddini, pesquisador de soluções financeiras para a educação no Brasil, a edição 2019 do censo ainda não dimensiona os impactos da covid-19 no setor, mas já é possível lançar um olhar para o futuro.
— Em uma perspectiva pós-pandemia, mas que ainda não está refletida nos dados deste censo, o crescimento do ensino híbrido será a grande aposta das instituições, além do já crescente Ensino Superior a distância. Estudos já apontam o crescimento dessa modalidade desde 2015 — afirma Baddini.
Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), entende que, apesar do ponto positivo de crescimento do EAD, as taxas de escolarização líquida e bruta permanecem estagnadas há anos.
— O EAD tem inserido na educação superior a população mais velha, acima de 30 anos, que não teve acesso logo ao concluir o Ensino Médio, mas não tem resolvido o acesso do jovem ao Ensino Superior — explica ele.
Conforme Capelato, para garantir o acesso dos jovens, o país precisa ampliar as políticas de inclusão e de financiamento estudantil e o número de vagas nas instituições públicas.
— Essas políticas de acesso também refletem na permanência do aluno. Por exemplo, o percentual de alunos que concluem a graduação com Fies é de 61%, com Prouni, 59%, e sem os dois, apenas 36%. Ou seja, a taxa de conclusão de curso com algum tipo de financiamento fica acima até do que o percentual na rede pública (48%) — comenta Capelato.
O Censo da Educação Superior mostra que quase metade dos alunos matriculados na rede privada (45,6%) conta com algum tipo de financiamento ou bolsa. Desses, 20% correspondem ao Programa Universidade para Todos (Prouni); 19%, ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); e 61%, a outros tipos de auxílio.
Segundo a pesquisa, há 2.608 instituições de educação superior no Brasil. Dessas, 2.306 (88,4%) são privadas e 302, públicas. O Censo da Educação Superior mostra ainda que a rede privada ofertou 94,9% do total de vagas para graduação em 2019, enquanto a rede pública disponibilizou 5,1% das oportunidades. Os dados revelam que mais de 6,3 milhões de alunos estudam em instituições particulares, o que significa uma participação de 75,8% no sistema de educação superior: a cada quatro estudantes de graduação, três frequentam estabelecimentos de ensino privados.
Ao todo, 40.427 cursos de graduação foram oferecidos em 2019, entre bacharelados, licenciaturas e cursos superiores em tecnologia. Do total, 88,7% (35.898) são presenciais e 11,3% (4.529), a distância. O bacharelado predomina entre os graus acadêmicos ofertados (60,4%). Quem cursa bacharelado opta, predominantemente, pela modalidade presencial. Já no EAD, o predomínio é de estudantes de licenciatura.
Os cursos de bacharelado também continuam concentrando a maioria dos ingressantes da educação superior (57,1%), seguidos pelos tecnológicos (22,7%) e pelos de licenciatura (20,2%). Entre 2018 e 2019, houve um aumento de 3,1% no número de ingressantes no grau de bacharelado. Já os cursos de licenciatura registraram uma alta de 3,5% nesse mesmo período.