O aumento da evasão nas escolas, a falta de ações para garantir a saúde e a segurança da comunidade escolar, a existência de defasagens e a busca por equidade na aprendizagem são algumas das principais preocupações das redes de ensino no Brasil em meio à pandemia. O estudo “Planejamento das redes de ensino para a volta às aulas presenciais: saúde, permanência e aprendizado”, feito com secretários de Educação de 20 redes de ensino, sendo 16 municipais e quatro estaduais, divulgado nesta sexta-feira (28), mostrou essas preocupações e revelou quais aspectos estão mais ou menos avançados no planejamento para a retomada do ensino presencial no país.
Dentre as redes participantes da pesquisa, o ponto mais crítico citado está relacionado a estratégias para evitar o aumento do abandono e da evasão escolar. Outros pontos que exigem atenção, conforme a pesquisa, são ações para o cumprimento do currículo previsto para 2020, estratégias para atender às particularidades da Educação Infantil e ações para minimizar o impacto socioemocional causado pela pandemia. O levantamento foi realizado pelo instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e pelo Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB).
Essa avaliação diagnóstica das condições para o retorno às salas de aula é considerada fundamental para nortear as ações de cada rede de ensino, possibilitando traçar planos para combater as defasagens do período de aulas suspensas. O diretor-fundador do Iede, Ernesto Faria, alerta para o risco de retrocesso no atendimento escolar.
— A atenção a quem está propenso a evadir é muito importante, e essa atenção não pode esperar a volta às aulas. Claro que é preciso reconhecer que há desafios burocráticos e legais para engajar a participação dos alunos a distância, mas o monitoramento bem estruturado das atividades e um diálogo com os pais dos estudantes que não estão participando são fundamentais — afirma Faria.
Ainda que a maioria das redes queira realizar avaliação diagnóstica, poucas definiram o modelo a ser adotado, e um número ainda menor estabeleceu o que será feito a partir dos resultados obtidos.
— Falta uma visão mais estruturada das redes de ensino sobre a importância de avaliações diagnósticas e, principalmente, qual o papel delas no contexto atual. Seria importante que as redes não só estivessem desenhando avaliações de aprendizagem, mas também socioemocionais e de opinião dos alunos e das famílias, de forma que estas orientem as ações a serem tomadas — diz diretor-fundador do Iede.
— A intenção é de que, por meio do compartilhamento desses dados e evidências, possamos dar um suporte efetivo aos gestores e profissionais da educação de forma geral — complementa Cezar Miola, presidente do CTE-IRB.
Protocolos e EPIs
A pesquisa identificou, também, a existência de dois grupos bem distintos em relação a protocolos sanitários, readequação dos espaços escolares, alterações nos horários de entrada e saída e no transporte escolar: enquanto algumas redes não têm protocolos bem definidos e ainda não adquiriram produtos de higiene e equipamentos de proteção individual (EPIs), outras já contam com protocolos de biossegurança bem estruturados e estão na fase de distribuição dos EPIs às unidades escolares.
A abertura do webinário de lançamento do estudo teve a participação do presidente do CTE-IRB, Cezar Miola, do presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia, do representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretário adjunto de Educação da Bahia, Danilo Souza, e do auditor público do Tribunal de Contas do Piauí, Gilson Araújo. O estudo foi apresentado pelo diretor-fundador do Iede, Ernesto Faria, e pelo pesquisador Vinicius de Moraes.