Carlos Alberto Decotelli, nomeado ministro da Educação na última quinta-feira (25), pediu demissão do cargo na tarde desta terça (30). A decisão ocorre antes mesmo de ele assumir oficialmente a pasta, já que sua posse, que estava marcada para as 16h desta terça, foi cancelada. Em entrevista à repórter Silvana Pires, Decotelli explicou o motivo principal da demissão:
— A FGV destruiu a minha reputação e foi impossível prosseguir — declarou, referindo-se à universidade que afirmou que Decotelli não foi professor da instituição.
Nos últimos dias, vieram à tona acusações sobre informações falsas a respeito de seus títulos acadêmicos e suspeita de plágio na dissertação de mestrado.
Em uma sequência de desmentidos, descobriu-se que Decotelli não concluiu o doutorado que informava ter obtido pela Universidade Nacional de Rosario, da Argentina: o próprio reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título.
Seu alegado pós-doutorado também mostrou-se falso. A Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que o indicado a novo ministro não concluiu um pós-doutorado na instituição, ao contrário do que constava em seu currículo.
Reportagem do site UOL publicada no sábado (27) mostrou, ainda, que Decotelli copiou pelo menos quatro trechos de outras dissertações de mestrado e textos acadêmicos na introdução de seu trabalho de mestrado, apresentado em 2008 para a FGV Rio de Janeiro, com o título "Banrisul: do PROES ao IPO com governança corporativa".
Por fim, uma nota da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada na noite de segunda-feira (29), informou que Decotelli não foi pesquisador ou professor da instituição, mais uma vez contradizendo o que ele indicava em seu currículo.
Depois das acusações, o ministro alterou seu currículo acadêmico, "de forma a dirimir quaisquer dúvidas", segundo o MEC.
Os desmentidos no currículo tiveram um efeito negativo considerável no governo, uma vez que Decotelli fora escolhido exatamente pelo seu perfil técnico. Seu nome foi uma aposta da área militar dentro do governo e, no anúncio do cargo, o próprio Bolsonaro evidenciou os títulos do nomeado.
Segundo o jornal Estado de S. Paulo, o próprio grupo militar que indicou o ex-professor está constrangido porque foi surpreendido pelos problemas acadêmicos e está avaliando a repercussão do caso. Ele também perdeu o apoio que tinha entre professores da Fundação Getulio Vargas (FGV).