
A luz natural que toma conta de três salas da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Timbaúva, no bairro Mário Quintana, não é bem-vinda. Há quase dois meses, o colégio da zona norte de Porto Alegre sofre com o destelhamento parcial de um de seus principais prédios. Interditados, o laboratório de informática, a sala de geografia e o cômodo usado para orientação às famílias dos alunos permaneceram trancados nesta quinta-feira (20), quando as atividades foram retomadas para o ano letivo de 2020.
De acordo com a diretora da escola, Suzana Schineider, 50 telhas de formato 1m83cm x 1m10cm foram arrancadas do teto do prédio de dois andares no vendaval de 31 de dezembro. O comunicado com o levantamento dos estragos, que incluía fotos e vídeos, foi enviado à Secretaria Municipal de Educação (Smed) em 2 de janeiro, segundo a docente.
— Não posso acreditar que em quase dois meses a prefeitura não conseguiu liberar o dinheiro para a reforma? Qual a urgência que eles têm com essa comunidade, diga-se de passagem uma das mais pobres da cidade? — desabafou.
A Emef Timbaúva tem 651 crianças e adolescentes matriculadas. Após o destelhamento, a direção da escola solicitou três orçamentos a diferentes profissionais. O vencedor da concorrência cobrou R$ 11.570 para o serviço completo, incluindo o material, valor comprovado em documentos guardados pela diretora.
Nos espaços desocupados, pode-se observar as nuvens através de um alçapão que dá acesso ao que sobrou do telhado, destroços apoiados em pilares de concreto. No mastro que suporta a bandeira da instituição, uma telha arrancada pelo vento ficou pendurada, “cena de filme de terror”, como definiu uma das funcionárias do colégio.

Na sala de informática, apenas o computador que hospeda o servidor da escola foi mantido sob proteção de caixas de metal. As outras 20 máquinas estão empilhadas nas mesas ou no chão da biblioteca, com fios, teclados e monitores misturados. O espaço de leitura é hoje ocupado por uma das funcionárias da escola e não tem condições de ser usado pelos alunos.
Há três anos à frente da direção, Suzana diz nunca ter passado por situação semelhante. Mesmo localizada no térreo, a secretaria tem água escorrendo pelas luminárias, efeito das chuvas acumuladas no andar superior.
Os moradores do bairro cobram o gestor municipal.
— Estamos abandonados aqui - reclama Silvia Beatriz Queiroga dos Santos, 46 anos.
Sentimento compartilhado pelo autônomo Anderson Henrique dos Santos Lazzarim, 31:
— Uma vergonha.
A Smed informa que "foram feitas intervenções de urgência no telhado, pela equipe de obras". A secretaria reforça que, atualmente, a reforma "está em processo de licitação, com a troca de todo o telhado, não apenas das áreas atingidas". Esse trâmite está ainda na fase de levantamento de custos e não há prazo para a finalização da obra, finaliza a pasta.