As médias das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 revelaram que houve queda no desempenho dos alunos em quatro das cinco habilidades testadas. Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (17), em Brasília, com Abraham Weintraub, ministro da Educação, e Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Na avaliação de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a média ficou em 520,9, sendo que, em 2018, foi de 526,9. Em Matemática, a média caiu de 535,5 para 523,1. Já em Ciências Humanas e suas Tecnologias, a média de 569,2 passou para 508 pontos e, por fim, em Ciências da Natureza e suas Tecnologias, despencou de 493,8 para 477,8. A única competência que apresentou crescimento foi a Redação. Nela, a nota subiu de 522,8 para 592,9. Mas apenas 53 dos concorrentes tiraram a nota 1000 – pontuação máxima – em 2018, 55 alcançaram este score. Por outro lado, 143 mil pessoas zeraram esta prova por terem fugido do tema, entregado a folha em branco ou copiado o texto de apoio.
De acordo com Lopes, esta edição foi a que teve maior participação na história do exame. Dos quase 5,1 milhões de inscritos, 77,2% compareceram nos dias de prova. Em 2018, esta taxa havia ficado na casa dos 75,4%. Foi observado ainda uma redução no custo das provas – era R$ 105 na edição do ano passado, um real a menos quando comparada à edição anterior. Isso implicou, segundo o presidente do Inep, uma redução significativa no valor total investido. Em 2018, foram empenhados R$ 589 milhões, contra os R$ 537 milhões da edição mais recente.
O perfil dos candidatos era formado, majoritariamente, por mulheres (60%), pessoas acima dos 19 anos (57%), sendo 46% dos candidatos pardos.
Na avaliação de Weintraub, este foi o melhor Enem da história do exame:
— Foi mais barato, as questões eram de qualidade, sem viés ideológico, sem polêmica. Só tivemos uma tentativa de sabotagem (ele se refere à foto da prova que circulou nas redes sociais na tarde do dia 3 de novembro, momento em que o teste era aplicado), mas a execução, a operação, o custo despendido, a eficiência e a satisfação foram perfeitas.
Imprensa e Paulo Freire, novamente, na mira de Weintraub
Durante sua fala, o ministro da Educação voltou a atacar a imprensa ao dizer que diversos veículos publicaram matérias que afirmavam que não haveria Enem em 2019. Ele declarou ainda que os resultados dos alunos não apresentam melhora significativa, porque a população votou no PT e porque a educação brasileira seguia a cartilha do educador e filósofo Paulo Freire.
— Paulo Freire é o paradigma do fracasso — disse em tom exaltado.
Por fim, Lopes revelou que a tecnologia a ser usada no Enem digital – que será realizado nos dias 11 e 18 de outubro – está definida, mas não deu mais detalhes. Weintraub complementou a fala do presidente do Inep dizendo que a nova modalidade da prova será aplicada em 100 mil estudantes, não mais em 50 mil.
Sisu ganha nova opção no modo de inscrição
Na mesma coletiva, foi apresentado o novo site do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Thiago Leitão, diretor e Políticas de Educação do MEC, explicou que a nova versão da plataforma ganhou uma versão que pode ser acessada em dispositivos móveis.
— Tanto a consulta aos resultados quanto a inscrição poderá ser feita por celulares e tablets. Além disso, na guia vagas ofertadas, ofereceremos informações mais detalhadas sobre as vagas do curso desejado. Por exemplo, será mostrado em que cidade, Estado e instituições a graduação desejada pode ser cursada — explica ele.