Quando questionados sobre o maior temor no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019, que ocorrerá nos dias 3 e 10 de novembro, os três jovens que farão as provas e estão sendo acompanhados desde maio por GaúchaZH são unânimes: a redação causa arrepios. Anna Carolina Schneider Martins e Guilherme Camini Pinto, ambos de 18 anos e moradores de Porto Alegre, e o vendedor Rafael Cabral, 24, de Alvorada, reforçaram as leituras, passaram a escrever mais e seguem absorvendo todas as dicas possíveis para tirarem notas altas na produção do texto.
De acordo com especialistas, os candidatos deverão passar por quatro momentos durante a prova de redação: ler os textos motivadores com atenção para compreender o tema proposto, escrever o próprio texto na folha de rascunho, revisar o texto de rascunho e passá-lo a limpo para a folha de redação. Para não haver correria, os professores indicam deixar pelo menos uma hora livre para a tarefa.
Rafael treina a produção de texto aos finais de semana, usando um cronômetro. A cada nova escrita, ele percebe melhora. Anna ainda teme não ter repertório suficiente para defender um ponto de vista. Para ampliar a própria bagagem cultural, aumentou a procura por notícias em diferentes plataformas. Guilherme, que tem facilidade na área de exatas e dificuldades em humanas, segue recebendo orientações dos professores da escola onde está concluindo o Ensino Médio. Ele garante estar mais tranquilo para enfrentar a redação.
Segundo a professora de linguagens e redação do Me Salva, Mariana Goulart, uma dica é fazer uma lista de ideias de todas as coisas que vem à mente depois de ler o tema. Isso ajuda a identificar sobre quais pontos se tem mais conhecimento e capacidade de aprofundar. Além disso, ajuda a planejar o que será defendido, o que faz toda a diferença para que a argumentação tenha progressão.
— Dar uma lida em notícias de temas envolvendo saúde, educação e meio ambiente pode ser legal antes da prova, porque essas referências externas também podem ajudar na argumentação — ressalta.
Já o professor de redação, literatura e linguagens do curso Fênix Vestibulares Dante Gonzatto alerta para mais temas que poderão cair neste ano:
— Podemos destacar a luta contra a depressão, o combate à obesidade infantil e a importância das campanhas de vacinação. Na área cultural, temas como a importância do patriotismo, a preservação do patrimônio cultural e a democratização do conhecimento.
Em educação, como desenvolver as habilidades socioemocionais dos estudantes, o combate ao preconceito linguístico e a questão da evasão escolar.
Os temas dos últimos cinco anos
- 2018 – Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
- 2017 – Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil
- 2016 – Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
- 2015 – A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
- 2014 – Publicidade infantil em questão no Brasil
Dicas dos professores
- Desde a introdução, o candidato deve deixar explícito o seu projeto de texto, ou seja, a direção que tomará sua tese, seus argumentos, sua opinião, pois é de suma importância a ligação entre introdução, desenvolvimento e conclusão.
- A escolha dos argumentos deve se dar de maneira que justifique a opinião defendida. Informações, opiniões e fatos devem convergir para um mesmo caminho argumentativo.
- É fundamental evitar a repetição vocabular. Use sinônimos, hiperônimos e hipônimos.
- Não usar citações que são muito distantes do tema só para ter uma citação: para o Enem, não basta trazer dados externos, eles precisam ser pertinentes ao tema.
- Jamais usar primeira pessoa do singular (eu), porque isso é algo típico de texto narrativos e não dissertativo-argumentativos.
- Usar tu e você é algo que também não deve acontecer, porque nunca sabemos quem está avaliando a redação para darmos dicas ou sugestões a essa pessoa.
- Não usar reticências ou exclamação: enquanto a primeira pontuação diz que eu deveria ter explicado mais o meu argumento (ou seja, que ele não foi suficiente), o segundo se aproxima das entonações dadas na fala e não tanto no texto formal escrito.
- A redação é uma prova cansativa e longa, por isso, investir no planejamento das ideias antes de começar a escrever pode ajudar a evitar o desgaste. Além disso, lembrar de defender um ponto de vista e desenvolver uma proposta de intervenção para o problema argumentado é algo que fará toda a diferença na nota final.
Fontes: professor Dante Gonzatto, do curso Fênix Vestibulares, e professora Mariana Goularte, do Me Salva