Correção: cerca de 20% das obras de restauração do Instituto de Educação Flores da Cunha foram executadas, e não 7,5%, como publicado entre as 6h de 1º e as 18h de 2 de julho. O texto já foi corrigido.
Por fora, ainda não é possível notar diferença. Mas por dentro, os sinais de transformação já aparecem. São as obras de restauração do Instituto de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre, que avançam. Mas ainda há trabalho pela frente naquela que é uma das instituições de ensino mais tradicionais do Estado.
No total, cerca de 20% de todas as obras foram concluídas até o momento, segundo a Secretaria Estadual de Obras, Saneamento e Habitação (SOP) — 7,5% realizadas pela atual empresa e 12,5% pela companhia anterior, que teve contrato rescindindo. O prazo para entrega do prédio reformado termina em abril de 2020.
A edificação terá o prédio central, o anexo dos alunos do Jardim de Infância e o ginásio reformados. Os trabalhos incluem a troca da rede hidráulica e elétrica, do piso, implantação de elevadores e rampas, iluminação interna e externa, além de instalação de central de gás, cisterna e climatização nas salas de aula.
Os reparos estão na fase de restauração de esquadrias (janelas e portas de madeira), dos pisos de madeira das salas, da recuperação de rebocos e de alvenarias, do telhado do prédio principal e do mobiliário. O investimento de R$ 22,9 milhões vem do Salário Educação — contribuição social destinada à Educação Básica recolhida e distribuída pelo governo federal.
Até agora, sete salas de aula estão com as tábuas do piso realocadas, em outras 15 esse processo precisa ainda ser finalizado. O reparo no reboco das paredes também foi concluído, faltando ainda a pintura. Os dois outros prédios têm avanços mais lentos, diz o engenheiro responsável pela obra, Wilson Braga.
— No prédio do Jardim de Infância, muita coisa foi feita pela antiga empreiteira, como a elétrica, que está 50% concluída, mas serão necessários ajudes na alvenaria de algumas salas de aula. Já no ginásio, parte do palco e da elétrica estão prontas e 30% do forro também — afirma Braga.
Gostaríamos de que o processo tivesse sido mais rápido, mas o que aconteceu fugiu da alçada do Estado. Porém, agora, estamos dentro do que nos propomos a fazer e os prazos estão de acordo com nossos planos.
JOSÉ STÉDILE
Titular da Secretaria Estadual de Obras, Saneamento e Habitação
O piso dos corredores do prédio central foi revestido com uma proteção feita de sobras de caixas de leite para evitar que o deslocamento de equipamentos danifique a estrutura. A proteção também foi colocada para evitar que o chão seja estragado por materiais que possam cair com a reforma do telhado — setor que, segundo o mestre de obras Luís da Silva, é ponto importante da construção.
— Não encostamos nele ainda, mas deveria estar sendo trocado porque vai permitir que a gente reponha as janelas e portas, já restauradas, sem o risco de que sofram danos por conta da umidade. Além disso, vai liberar o trabalho de restauro no auditório, que está atrasado em um mês — diz Silva, que espera trocar o telhado da instituição nos próximos 30 dias.
Impasse das obras vem desde 2016
Atualmente, os consertos são realizados pela empresa Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia S/A — especialista no restauro do patrimônio histórico e arquitetônico e que esteve envolvida, por exemplo, na reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
O imbróglio que afeta o avanço e o desenvolvimento das obras começou anos atrás. Fechado para reforma desde de janeiro de 2016, os trabalhos tiveram que ser interrompidos no início de 2017, quando a empresa Porto Novo Empreendimentos e Construções decretou falência, explica José Stédile, secretário da SOP. Os estudantes da instituição estão realocados para outras escolas.
— Com a falência desta empresa, as obras foram interrompidas. Gostaríamos de que o processo tivesse sido mais rápido, mas o que aconteceu fugiu da alçada do Estado. Porém, agora, estamos dentro do que nos propomos a fazer e os prazos estão de acordo com nossos planos — diz Stédile.
O secretário diz ainda que a natureza restaurativa da obra a torna diferente de construções normais, visto que este prédio é histórico e tombado tanto pela prefeitura de Porto Alegre quanto pelo Rio Grande do Sul:
— Esta edificação requer um investimento de tempo diferenciado. Não se pode, simplesmente, construir nada novo porque precisamos manter as características originais da estrutura e de sua estética. Estamos atentos aos detalhes, e a tendência é de que os trabalhos deslanchem a partir de outubro ou novembro — sentencia Stédile.