Problemas financeiros e administrativos impedem a distribuição de merenda aos 400 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Gustavo Armbrust, no bairro Jardim Itu, em Porto Alegre. No refeitório limpo e com mesas organizadas, as duas merendeiras contratadas pelo Estado ainda não serviram nenhuma refeição aos estudantes neste ano. As geladeiras e os armários praticamente vazios expõem as dificuldades no repasse de verbas que impedem a compra de comida para a escola pública.
Revoltadas com a situação, algumas mães têm cobrado medidas da direção, da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e do Ministério Público. Ficaram sabendo que as dificuldades financeiras se arrastam desde janeiro de 2017, mas a situação só chegou ao conhecimento delas quando as aulas na escola voltaram, em outubro, depois da greve do magistério.
— Descobrimos que a diretora não estava prestando contas à Secretaria havia vários meses. Tem até fornecedores cobrando pagamento atrasado, mas as nossas crianças, desde o ano passado, não conseguem mais comer na escola — descreve Luana Dullius, presidente do Conselho Escolar e mãe de três crianças matriculadas na instituição.
A falta de prestação de contas e as suspeitas em relação ao uso da verba levaram à abertura de sindicância pela Seduc. A então diretora, ao fim da greve dos professores estaduais no ano passado, entrou em licença-saúde. Em março, foi destituída do cargo.
Enquanto isso, os pais se mobilizam como podem. No ano passado, reuniram recursos para arcar com o conserto de uma copiadora para tornar possível a impressão de provas – a máquina, porém, já estragou de novo. Também doaram material de limpeza, folhas de ofício e outros itens para a escola. Houve quem se mobilizasse até para consertar os bebedouros e conferir problemas na caixa d’água. Uma festa de fim de ano também foi organizada por eles.
— Praticamente toda semana nós vamos à Seduc cobrar providências, mas continuamos com problemas na escola. E as crianças seguem sem merenda — reclama Karina Mendicelli, mãe de uma aluna matriculada no 4º ano.
Dilema da falta de professores
Outro problema também é citado pelos pais de alunos: a falta de professores.
— Faltam professores de português, inglês e história. Achamos que eles ficam sabendo dos problemas na escola e pedem transferência. Isso não pode continuar assim — completa Maida Piccardo, que tem uma filha no 3º ano.
Além de cobrar a contratação de professores, as famílias também aguardam a nomeação de uma nova diretora, para que a escola resolva os problemas financeiros causados pela falta de alguém que fique responsável pelas contas. Assim, esperam que, enfim, as centenas de crianças e adolescentes matriculados consigam voltar a ter merenda.
Seduc promete solução em breve
Em nota, a Seduc informa que a escola "está em processo de sindicância e que a diretora foi destituída do cargo no mês passado. Neste momento, a instituição passa por um processo de reestruturação e reorganização do quadro de professores. Já há uma vice-diretora designada para solucionar os problemas, e em breve a situação da merenda escolar estará normalizada".
A secretaria salienta que "está dando total prioridade para que os estudantes da escola não sejam mais prejudicados".