O candidato senta em frente aos recrutadores e demonstra não ter nenhum conhecimento sobre a empresa para a qual se candidatou a uma vaga. Inexperiente, o jovem em busca do primeiro emprego confunde o entrevistador com um amigo e, em minutos de conversa, esbanja uma intimidade inexistente.
As situações descritas acima são mais comuns do que se imagina. Um levantamento da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), empresa que assumiu contratos de estágio da Fundação para Desenvolvimento Recursos Humanos (FDRH), apontou os 10 principais motivos que fazem com que alguém seja reprovado em uma entrevista de emprego — e os dois casos citados estão entre eles. O estudo foi elaborado junto a empresas parceiras da rede e a empregadores e, nesta segunda-feira (23), será tema de um talk show comandado pelos instrutores de aprendizagem Franciele Santos da Silva e Alexsandro João Legramanti. A atividade integra o evento + Jovem, na Capital, voltado a jovens em busca de trabalho.
— A falta de experiência não é um fator decisivo na hora da entrevista e, sim, as atitudes que os jovens tomam diante do recrutador. Com um pouco de calma, treino e responsabilidade, eles têm grandes chances de serem escolhidos para a tão sonhada vaga de emprego — comenta Legramanti.
A estimativa dos organizadores é reunir cerca de 500 pessoas no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa (Praça Marechal Deodoro, 1.101, Porto Alegre), das 14h às 17h30min. As inscrições podem ser feitas neste site ou pelo telefone (51) 3021-9001. A atividade terá, ainda, apresentações artísticas e conversas com especialistas em aprendizagem, emprego e inovação.
10 atitudes que podem reprovar você em uma entrevista
1 - Deixar de pesquisar informações sobre a empresa
Muitas vezes, os candidatos a vagas de emprego enviam currículos a dezenas de lugares e, quando são chamados a uma entrevista, vão ao local sem saber detalhes da vaga e da empresa. Participar de uma conversa com recrutador sem conhecer a empresa, no que e como ela atua e detalhes da vaga pode ser um tiro no pé.
— Essa pessoa chega à entrevista sem ter muito o que agregar. Como vou mostrar o meu melhor se não sei se o meu melhor se encaixa no que a empresa precisa? Saber sobre os valores, como (a empresa) está posicionada no mercado, se está de acordo com a carreira que ele (candidato) quer, tudo é muito importante — comenta a instrutora de aprendizagem da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) Franciele Santos da Silva.
E a dica de Franciele para a busca dessas informações está ao alcance de todos: as redes sociais.
2 - Usar roupas e acessórios inadequados
Franciele surpreende os jovens quando responde que não é preciso ir de camisa, gravata, calça social e sapato a uma entrevista de emprego.
— Se ele é jovem, tem que usar a roupa como forma de identificação. Mas o mercado corporativo acaba pedindo mais zelo na escolha da roupa para ir trabalhar. Não é perder a essência, não precisa deixar de usar tênis, calça jeans ou camiseta. O cabelo colorido também já foi problema, mas não é mais. O problema é usar isso como se tivesse indo para balada — comenta.
Para uma entrevista, sugere, o ideal é usar uma roupa confortável e sem excesso de informações. Não há problemas em usar jeans, mas o ideal é evitar a calça rasgada. Pode ir de camiseta, mas é melhor evitar uma de time. Não há problema com os tênis, mas não é preciso escolher uma cor berrante.
— Não adianta colocar gravata e camisa social e ir desconfortável, pois aí o candidato não vai conseguir se concentrar no que o entrevistador está pedindo e, sim, no sapato apertado — exemplifica.
Ela explica, também, que o mercado de trabalho está mais aberto a piercing, tatuagens outros itens que indicam o estilo da pessoa.
— Tudo depende de como eu coloco: se for de forma agressiva, vou acabar assustando em vez de mostrar quem eu sou — avalia.
3 - Posicionamento e exposição nas redes sociais
Não há como escapar: as empresas dão, sim, aquela espiadinha nas redes sociais dos candidatos para entender um pouco mais sobre eles. Assim, um posicionamento político agressivo, muita exposição ou a expressão de pensamentos preconceituosos podem afastar você da vaga pretendida. Franciele explica que a orientação não é para que as pessoas não se posicionem politicamente nas redes, mas para que cuidem a forma como fazem isso:
— O que pode causar afastamento de uma vaga ou não é como você escreve. Se for muito agressivo, pode transparecer algo muito extremista e pode ser que a empresa não entenda como uma coisa boa para ela. Não colocar opinião nenhuma também pode parecer que a pessoa está fora de um mundo no qual todo mundo está dentro.
4 - Currículo inadequado ao cargo ou muito resumido
Em geral, os candidatos elaboram um currículo e o enviam a todas as empresas nas quais têm interesse em trabalhar. Para um jovem inexperiente, a situação é ainda mais comum. Mas, segundo especialistas, o ideal seria adequar o currículo a cada uma das vagas pretendidas.
Para quem está em busca do primeiro emprego, é importante pensar nisso antes mesmo de ingressar no Ensino Superior. Na escola, participar de projetos e de ações sociais é uma boa opção para, posteriormente, incluir essas vivências no currículo.
— Quanto menos experiência de trabalho eu tenho, mais interessante mostrar minhas competências. E, principalmente, colocar a experiência que é válida para aquela oportunidade — comenta a instrutora da Renapsi.
Mas o mesmo vale para quem já tem experiência. Não adianta você enviar um currículo extenso se as informações que constam nele não estiverem relacionadas à vaga. Se a oportunidade é para assistente administrativo, por exemplo, dê preferência aos dados que tenham relação com a função. Mas também não exagere e encaminhe um documento resumido demais: é importante detalhar as experiências que digam respeito à oportunidade. Lembre-se de que ser objetivo não é o mesmo que falta de informações.
5 - Vocabulário inadequado
O "internetês" está afetando, de forma negativa, o desempenho de candidatos em entrevistas de empregos. Se, na internet, a concordância é deixada de lado em favor da agilidade na comunicação, na conversa com um recrutador, apresentar um bom português é importante. Vícios de linguagem não são bem vistos — e falta de vocabulário, também não.
6 - Falta de preparo
Aqui, não estamos falando de buscar informações sobre a empresa, mas de planejar e até ensaiar em casa as possibilidades de perguntas e respostas. Na internet, há vários vídeos disponíveis com dicas sobre entrevista de emprego, inclusive focados em diferentes ramos de atividade. Assisti-los e treinar em casa pode dar segurança a você, reduzindo o nervosismo. Se o candidato estiver calmo e relaxado, tem mais chances de se sair bem.
7 - Atrasos
Parece óbvio, mas atrasos não são bem vistos pelos recrutadores, embora sejam mais comuns do que se imagina. A dica para evitar que isso aconteça com você é pesquisar endereço, os meios de transporte e o fluxo do trânsito. Procure garantir que você chegará de 10 a 15 minutos antes do horário marcado. O atraso é visto por recrutadores como falta de organização e de responsabilidade.
8 - Demonstrar pouco interesse
Este é um problema mais percebido entre jovens que, muitas vezes, entraram na seleção por pressão familiar. E essa falta de interesse é facilmente identificada no currículo, na pontualidade, na forma como as respostas são dadas e na falta de preparo. Questionado sobre objetivos profissionais, por exemplo, o jovem diz não saber. O problema é que essa atitude não pega bem.
— O mundo é uma ervilha. O tempo passa, e você pode voltar a encontrar alguém que ficou com uma imagem negativa sua — comenta Franciele, citando que isso pode acontecer até mesmo entre os concorrentes à vaga, em um recrutamento coletivo.
A dica dela é: se não tem interesse, não agende a entrevista. Lembre-se que as atitudes negativas podem trazer dificuldades mais adiante.
9 - Mentir
A mentira no currículo ou durante a entrevista costuma ser descoberta. Recrutadores que desconfiam de uma resposta voltam à pergunta mais de uma vez, e o candidato acaba se enrolando ao repetir as informações. E, mesmo que a estratégia dê certo, a mentira costuma ser identificada nos primeiros meses de experiência, acarretando em demissão. A exemplo do que acontece com o desinteresse no recrutamento, o profissional pode criar uma má fama junto a colegas e futuros empregadores.
10 - Confundir empregador com amigo
Essa é uma dica que também é mais direcionada aos jovens: não confunda empregador com um amigo. É bacana você estar tranquilo, relaxado, mas não exagere. Não conte sobre a sua vida como se estivesse conversando com um parceiro, apresentando detalhes desnecessários à situação e ao momento.