A taxa de ocupaçao dos trabalhadores mais jovens (de 18 a 24 anos) aumentou 3,1% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016. A melhoria só ficou menor do que a registrada pelo grupo com mais de 60 anos, que teve alta de 9,1%. Os dados foram divulgados na seção Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançada nesta quinta-feira (14). O estudo utiliza os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, para fazer uma análise detalhada da dinâmica recente do mercado de trabalho brasileiro.
A redução da taxa de desemprego, percebida de forma generalizada, só não foi mais significativa pelo aumento expressivo da população economicamente ativa (PEA), que, entre os jovens, apresentou variação interanual de 4,3% no terceiro trimestre.
- Tem mais gente ocupada, o que é uma boa notícia. Mas, como muita gente que não estava procurando emprego passou a procurar, isso tem impedido que a taxa de desocupação caia mais rapidamente - explica a pesquisadora do Ipea e uma das autoras do estudo, Maria Andréia Lameiras. Esse aumento da PEA é explicado pela sensação da população de melhora do mercado de trabalho, o que faz com que as pessoas voltem a procurar emprego.
Outro resultado positivo para os mais jovens diz respeito às remunerações. As estatísticas da Pnad Contínua revelam uma melhora relativa dos salários recebidos pelos ocupados com idade entre 18 e 24 - variação de 1,4% no terceiro trimestre do ano (revertendo a queda de 0,6% observada no segundo trimestre). A maior taxa de expansão salarial no trimestre ocorreu no grupo de ocupados com idade entre 40 e 59 anos (2,2%).
A desagregação dos microdados por grau de instrução também revela uma melhora da ocupação em todos os grupos, ainda que esta seja mais significativa no segmento dos mais escolarizados (nível superior), com avanço de 7,8%, na comparação com o terceiro trimestre de 2016. A retomada do dinamismo do mercado de trabalho deve-se, em grande parte, ao aquecimento do mercado informal, que cresceu 6,9% no terceiro trimestre - frente ao mesmo período do ano passado -, e dos chamados "conta própria" - que tiveram alta de 4,8%.
A análise setorial mostra um desempenho positivo da ocupação nos setores de comércio, serviços e indústria em 2017. A seção da Carta de Conjuntura também reúne algumas perspectivas para 2018. O Grupo de Conjuntura do Ipea espera uma continuidade da expansão da ocupação e dos rendimentos no próximo ano, possibilitada pela aceleração do ritmo de crescimento da atividade econômica.