A tecnologia aliada à expansão do conhecimento e desenvolvimento de novas soluções teve seu processo acelerado pela pandemia de covid-19, em 2020, e não deve desacelerar pelos próximos anos. A projeção entregue pelo relatório da Singularity University Brazil, elaborado de forma pioneira pela comunidade global de aprendizado e inovação e adiantado à revista Forbes, prevê o surgimento cada vez maior de aplicativos e softwares voltados para o desenvolvimento humano em todas as suas etapas.
Nomeado de xTech Views, o estudo apontou quais deverão ser as sete maiores tendências para a tecnologia em 2021. Entre as previsões está a expectativa de que este seja um ano de continuidade e ajustes necessários na transformação digital das empresas que já iniciaram o processo de automação para enfrentar as dificuldades do isolamento social.
Em conformidade com a ideia de inovação e constante aprendizado tecnológico, a Universidade de Passo Fundo (UPF) lançou, ainda em 2019, a Rede Conecta unindo todas as unidades tecnológicas da instituição em um só lugar e trabalhando por um objetivo: promover o crescimento científico para acadêmicos, sociedade e empresas. A partir dela, o Parque Científico e Tecnológico, a Incubadora de Empresas, a Agência de Inovação (UPFTec) e os laboratórios de múltiplo interesse se tornaram o eixo de um ambiente estruturado para gerir pesquisas em novos conceitos digitais.
De acordo com o coordenador da Rede Conecta UPF e Parque Tecnológico, o professor Maciel Donato, a estrutura de inovação erguida pela universidade visa proporcionar aos estudantes uma maior aproximação do empreendedorismo tecnológico. O espaço de mais de 4.000m² atualmente se potencializa nas atividades de proteção da propriedade intelectual, projetos de pesquisa colaborativa, interação universidade-empresa, licenciamento de patentes, pré-incubação e incubação de empresas, análises laboratoriais, entre outros.
– Hoje, o principal capital das maiores empresas do mundo é a inteligência instalada, ou seja, as pessoas. Pessoas bem informadas, preparadas e competentes. O sucesso e a prosperidade nesta economia baseada em conhecimento virá se empreendermos e inovarmos com tecnologia – ressalta Donato.
Espalhado por suas 12 unidades acadêmicas, o empreendedorismo tecnológico gerado pela Rede permite que estudantes, professores e funcionários tenham acesso aos estudos de diferentes modalidades. O modelo é integrado, orgânico e permite mudanças a qualquer momento com novos projetos, setores, pessoas e iniciativas de áreas além da TI.
Protagonismo acadêmico: realidade aumentada no estudo acadêmico
Para os cursos na área de tecnologia da informação, no entanto, o impacto é maior com a geração de projetos multidisciplinares. Um exemplo disso é o AnemiaAR (foto), um serious game para apoio ao ensino de hematologia por meio da união de acadêmicos dos cursos de Medicina e Ciência da Computação.
Atento, principalmente, aos conceitos da anemia, o jogo funciona através dos óculos de realidade aumentada, HoloLens, permitindo aos estudantes interagir com os mecanismos da doença no corpo por meio de gestos e comandos de voz. O uso da inteligência artificial para reduzir as distâncias entre o ensino e a realidade surgiu com a constatação de que tais elementos do corpo e sua relação com as mais diversas doenças poderiam alimentar o enredo perfeito para um conteúdo científico e de entretenimento.
Segundo Cassiano Jovino Mandelli Stefani, acadêmico de Ciência da Computação envolvido no desenvolvimento do AnemiaAR, a dinâmica do trabalho e o compartilhamento de conhecimento entre as diferentes áreas do projeto caracterizaram um grande incentivo para o seu futuro profissional. Um dos fatores determinantes para o sucesso, ele reconhece, também está agregado à geração tecnológica ao qual os acadêmicos já estão inseridos.
– Para mim, materiais imersivos e interativos, como jogos tridimensionais, facilitam a representação e absorção do conhecimento, principalmente ao compararmos com os desenhos tradicionais nos livros – aponta.
Apesar da situação atual da pandemia de covid-19 ter diminuído as etapas de teste e validação do projeto entre estudantes da Universidade, a inserção de games com objetivo didático está sendo avaliado em diversos níveis de experiência pedagógica. A ideia é utilizar a tecnologia a favor do conhecimento.
Acessibilidade de equipamentos e laboratórios
Com cerca de 300 laboratórios espalhados por toda sua infraestrutura acadêmica, outro fator que pesa para estudantes que buscam a inovação no currículo está na disponibilidade de serviços analíticos para diferentes fins e áreas de interesse. A Rede Analítica, presente no UPF Parque e diversos outros pontos da Universidade, é um sistema integrado de análises que está disponível para a comunidade acadêmica interna e externa, empresas e pesquisadores independentes.
De acordo com Alisson Moraes, acadêmico de Engenharia Civil, a rede integrada foi um dos motivos de sua escolha de ensino na instituição. Outro estímulo foram os equipamentos laboratoriais e as oportunidades de estágio e intercâmbio na área da Engenharia e Arquitetura.
– A disponibilidade e conhecimento dos professores, somado a qualidade das aulas e laboratórios que a universidade possui, acabam por tornar o estudante da UPF um futuro profissional capaz de se destacar no mercado, uma vez que teoria e prática andam juntas – afirma Moraes.
Após sua primeira visita durante o Interação UPF, quando ainda cursava o ensino médio em Fontoura Xavier, Alisson ressalta ter suas expectativas superadas. A observação foi feita a partir da quantidade de instrumentos tecnológicos na área das Engenharias, como: equipamentos de acústica e ensaio triaxial, canal de escoamento e simulação de fenômenos hidráulicos, prensa de ensaio de corpos de prova e pórticos da área de estruturas presentes no Centro Tecnológico de Engenharia Ambiental, Civil e Arquitetura e Urbanismo (Cetec).
Além do Centro, a Estrutura de Laboratórios da Faculdade de Engenharia e Arquitetura e Urbanismo (Fear) da UPF fornece diferentes espaços para as atividades práticas, de pesquisa e serviços. Somando todos estes aparatos à sua formação atual, o acadêmico atualmente atua como estagiário no Cetec, onde acompanha diversos ensaios laboratoriais e em campo.
Desenvolvimento de Startups residentes e incubadas
Inaugurada em 2015, a incubadora de empresas da UPF abriu uma importante oportunidade para os empreendedores entenderem mais sobre investimento e desenvolvimento de startups. Visando identificar problemas e, a partir disso, desenvolver soluções apropriadas utilizando da tecnologia mais recente, a Universidade fornece, desde então, a infraestrutura de pesquisa e serviços de suporte (eventos, oficinas, workshops, desafios tecnológicos, entre outros), objetivando fornecer um modelo de negócio.
Para o desenvolvedor de softwares da Stara, Andrei Becker Pacheco, estar inserido no UPF Parque e poder contar com a expertise de professores, pesquisadores e ter contato direto com empresas de outras áreas auxilia no aprendizado e crescimento do dia a dia. Além disso, de acordo com Andrei, o espaço permite que, longe da correria da produção da empresa, soluções em aplicativos sejam testadas junto aos acadêmicos no melhoramento dos processos de produtos da empresa.
– Além dos aplicativos, também trabalhamos em outras frentes, como testar ferramentas, conceitos e metodologias para evolução e melhorias no processo de desenvolvimento de software. Nosso desejo é que os estudantes conheçam a empresa, os produtos, seus valores e futuramente possam fazer parte como funcionários contratados – destaca Pacheco.
Ainda de acordo com o empreendedor, o ecossistema criado pela universidade para a inovação de empresas beneficia os três atores envolvidos no processo: a startup, os acadêmicos e a instituição. Isso porque a Stara tem optado por bons estagiários interessados em novas soluções para o mercado, enquanto a Universidade proporciona aos acadêmicos um estágio remunerado e o uso dos equipamentos.
– Além dos produtos em si, a captação dos talentos é um dos nossos principais objetivos. Atualmente o setor de agro necessita de uma alta demanda de profissionais de TI, pois conta com uma enorme tecnologia embarcada em seus equipamentos – conclui Andrei Backer Pacheco.
A empresa gaúcha, original de Não-Me-Toque, tem colocado em prática projetos conjuntos, objetivando o melhoramento de processos e o desenvolvimento de ferramentas inovadoras para o agronegócio. Entre os serviços oferecidos, destaca-se a agricultura de precisão, carretas agrícolas, niveladores de solo, plataformas de milho, pulverizadores, plantadeiras, semeadeiras e tratores.