Começa no verão mais uma colheita da uva e a Cooperativa Vinícola Aurora, maior do gênero no Brasil, acaba de anunciar 20 novos compromissos ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Esse alinhamento com práticas globais em prol do meio ambiente e da ética empresarial visa deixar no passado queixas de irregularidades quanto aos safristas da fruta, como o episódio em que trabalhadores temporários foram resgatados de alojamentos em péssimas condições na serra gaúcha, em fevereiro de 2023.
Entre os 20 compromissos assumidos, no eixo ambiental, a empresa vai, por exemplo, inventariar e mitigar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e implementar uma gestão hídrica que conserve os recursos da Serra Gaúcha - região onde operam 1.100 famílias cooperadas da Aurora. Desde 2023, a companhia tem intensificado suas práticas sustentáveis, destacando o desenvolvimento do Programa de Boas Práticas Agrícolas (BPA), voltado para a capacitação dos viticultores.
No campo social (foco das queixas de 207 safristas empregados pela Aurora e outras duas grandes vinícolas serranas, resgatados por fiscais do Trabalho em 2023), três compromissos se destacam:
- Prevenir a ocorrência de trabalho análogo à escravidão e infantil e fomentar o combate a essas práticas.
- Promover um ambiente de valorização e inclusão dos trabalhadores e a diversidade de gênero em cargos de liderança.
- Fortalecer a inclusão de jovens e mulheres cooperados.
A colheita da uva mobiliza 40 mil pessoas na Serra a cada verão. Só na Aurora devem ser 2,4 mil safristas (média de quatro safristas por família de produtor de uva). A adoção desses trabalhadores temporários vai continuar, devido à escassez de mão de obra na Serra. Mas tudo em condições adequadas, asseguram os dirigentes da Aurora. Algumas providências adotadas e que foram conferidas pela reportagem em visita aos locais de plantio:
- Novos alojamentos na própria área rural, construídos ou adaptados por 450 das 1,1 mil famílias de produtores cooperativados da Aurora.
- Veto a terceirização do alojamento dos safristas para pousadas, como ocorria até o ano passado.
- Carteira de trabalho assinada para cada safrista, mesmo que ele fique menos de um mês no serviço.
- Mecanização do carregamento e descarregamento dos 70 milhões de quilos de uvas colhidos pela Aurora. As frutas são colhidas por safristas no pé e colocadas em grandes caixas (os bins) com capacidade para 500 quilos, transportadas por empilhadeiras, ainda no parreiral. Até pouco tempo atrás as caixas eram de 20 quilos e carregadas manualmente. Na safra passada, 78% dos cooperados já usaram esse sistema mecânico. Agora o percentual passou para 87%.
- Boas Práticas Agrícolas (BPG), com orientações, capacitações e inspeções nas propriedades dos 1,1 mil associados, distribuídos em 11 municípios serranos.
Quase centenária (foi fundada em 1931), a Aurora também adota cuidados ambientais. Entre as promessas atuais está a de inventariar as Emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa), definir metas de mitigação desses poluentes, conscientizar seus associados a respeito das mudanças climáticas e orientá-los a gerir com eficiência recursos hídricos e efluentes. Atualmente com três parques industriais em Bento Gonçalves e uma unidade em Pinto Bandeira, a cooperativa já exporta para 17 países, incluindo alguns bastante rígidos em práticas de ESG.
- A palavra é inovar. Inclusive faremos em dezembro um seminário com magistrados do trabalho, para mostrar como assumimos compromissos públicos na cadeia de responsabilidade social - resume o presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora, Renê Tonello.