O Rio Grande do Sul voltou a registrar mais contratações do que demissões no mercado de trabalho formal pelo segundo mês consecutivo, após quedas verificadas, em maio e junho, em razão da enchente.
Em agosto, o saldo de 10.413 vagas com carteira assinada é o resultado de 131.781 admissões e 121.368 mil desligamentos registrados pelo Novo Caged, do Ministério do Trabalho.
O desempenho reflete avanço de 0,37% na comparação com julho. E, no acumulado em 2024, foram gerados 55 mil postos de trabalho no Estado. Entre os setores, o destaque ficou por conta dos serviços, em processo de recuperação mais acentuado, assim como o comércio (veja no gráfico). Por outro lado, a indústria ainda opera no campo negativo e as demissões superaram as contratações no período.
Conforme Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio/RS, mesmo em queda, o resultado da indústria gaúcha revela melhor cenário. Isso ocorre, segundo ela, porque, em agosto de 2023 4.626 vínculos haviam sido destruídos. Neste ano, foram apenas 176, diz.
Na média nacional, houve mais admissões em todos os setores e o saldo positivo de 232.513 postos de trabalho de agosto é 22% superior ao apurado no mês anterior. As 27 unidades da federação fecharam o mês no campo positivo. Agora, são 1,72 milhão de novos empregos formais no país no decorrer de 2024, o que eleva a quantidade de vínculos a 47,2 milhões, a maior já registrado na série histórica do Novo Caged, iniciada em 2020.
Estado em ascensão
Os números, divulgados nesta sexta-feira (27), reforçam o processo de retomada em curso na atividade econômica gaúcha. É o que observa, Oscar Frank, economista-chefe da CDL Porto Alegre, quando sentencia que o pior já passou.
Por outro lado, ele alerta que o contexto, assim como em julho, ainda é bastante induzido por uma ampla disponibilidade de recursos, via programas de auxílio públicos, que restabeleceram a liquidez, e estimulam a oferta e a demanda.
Quando o assunto é o mercado formal, a enchente destruiu, na soma entre maio e junho, no momento mais crítico, 30.519 postos de trabalho. Nos dois últimos meses, entre julho e agosto, foram criadas 17.095 vagas, ou seja, há diferença de 13.424 ocupações para que o patamar de abril seja retomado.
Retomada mais lenta
Frank vê processo de retomada mais lento no mercado formal. Ele explica que, ao analisar o índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), percebe-se que o indicador conseguiu superar já em julho, o patamar de abril, ou seja, antes das enchentes e no caso do emprego formal, mesmo com o ganho de agosto, há déficit.
— A retomada mais lenta do emprego é dada porque vários setores intensivos em mão de obra continuam experimentando um cenário complexo, difícil, sobretudo aqueles que são mais ligados àquilo que é menos essencial para o dia-a-dia do ser humano, das pessoas, principalmente a parte de turismo, lazer, então abarcando a parte de hospedagem, de bares e restaurantes — comenta, ao lembrar que todas essas categorias foram muito prejudicadas por conta dos estragos aos modais logísticos gaúchos.
Outro aspecto em evidência, acrescenta Frank, diz respeito ao desempenho do comércio. Segundo ele, o destaque é consequência da maior demanda em ramos essenciais, a exemplo de alimentos e produtos farmacêuticos:
— E a gente precisa ter em mente que não só os recursos injetados aqui na economia gaúcha acabam sendo direcionados, canalizados em boa medida para esse tipo de bem, mas também porque dá continuidade ao crescimento da massa salarial real dos trabalhadores. Os programas de transferência de renda do governo federal, então tudo isso ajuda.