A enxurrada que alastra o Rio Grande do Sul arrasta com ela uma onda de solidariedade que visa também a continuidade dos negócios. Com muitas fábricas e comércios afetados pelas enchentes, crescem as iniciativas de incentivo para que as pessoas consumam produtos fabricados no Estado, apoiando as marcas locais.
O objetivo das ações é contribuir para a recuperação da economia gaúcha, que terá impactos na sua cadeia como um todo, em quantia ainda calculada. Segundo levantamento parcial da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o dano total é estimado em mais de R$ 8 bilhões. Já o governo do Estado fala em R$ 19 bilhões até aqui para a reconstrução das regiões devastadas.
Nas redes de supermercados, há divulgação e até oferta para produtos fabricados no Rio Grande do Sul. Uma das iniciativas vem da rede Asun, onde gôndolas na entrada das lojas e prateleiras identificadas expõem uma série de itens em destaque. O portfólio tenta contemplar a maior diversidade possível de produtos gaúchos.
A ação ocorre nas unidades em que é possível administrar as mercadorias, já que algumas lojas ainda enfrentam problemas de abastecimento em função da dificuldade de logística, explica o diretor comercial do Asun, Jairo Silva. Das 39 lojas da rede no Estado, quatro tiveram de ser fechadas pela inundação — uma em Porto Alegre, uma em Eldorado do Sul e duas em Canoas.
— Até por sermos uma empresa gaúcha, já vínhamos dentro da nossa estratégia trabalhando para fortalecer produtos que são daqui. Com essa catástrofe, estamos incentivando cada vez mais para que o cliente também entenda a importância do papel dele nesta corrente de unir forças. Elaboramos um material que começou a chegar nas lojas e a ideia é tentar agrupar esses produtos. É uma maneira de sensibilizar e acaba sendo um ponto de decisão do consumidor — diz o gerente.
A onda de solidariedade ultrapassa os contornos do Estado e se soma às prateleiras de Santa Catarina. A rede de supermercados Superviza, com unidades em municípios como Videira, Campos Novos, Fraiburgo e Caçador, é outro exemplo a identificar os rótulos daqui.
Em grupos de Whatsapp, também circulam listas que citam uma série de marcas do Estado para serem consumidas. O conteúdo divulgado inclui itens como biscoitos, chocolates, laticínios, bebidas, cerais, carnes e até produtos de limpeza.
Também na internet, influenciadores aproveitam o espaço de suas redes sociais para divulgar marcas que vão além dos produtos alimentícios. Os destaques incluem empresas de roupas, calçados e redes de varejo que têm sede ou produção no Rio Grande do Sul.
Para a Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul), as ações são maneiras adicionais de se contribuir para que a economia sofra o mínimo possível. O vice-presidente jurídico da entidade, Milton Machado, diz que, além de incentivar a continuidade dos negócios, o consumo local faz o recurso retornar ao Estado e aos municípios em forma de arrecadação de impostos e manutenção de empregos.
— Estamos vivendo uma tragédia ambiental e humanitária. Precisamos imediatamente salvar as pessoas da água e do frio, mas em seguida vamos ter uma tragédia socioeconômica, que vai ser muito mais duradoura, e vamos precisar seguir mobilizados enquanto sociedade — diz Machado.
A divulgação das marcas gaúchas a nível nacional teve espaço na abertura da Apas Show, na segunda-feira (13), em São Paulo. A mostra está entre as maiores feiras supermercadista do mundo. Representando o varejo do RS, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, reforçou o pedido de apoio às etiquetas locais e apresentou projeto de um selo que está em construção.