Sigla já carimbada no jargão corporativo, o ESG — abreviação em inglês para Environmental, Social and Governance (Governança Corporativa, Ambiental e Social) — esteve no palco do Fórum da Liberdade como assunto primordial para se falar de futuro. A oportunidade em torno do tema foi o recado principal no painel Semeando o Futuro, que contou com a presença de Daniel Randon, Estevan Sartoreli e Michael Shellenberger na manhã desta sexta-feira (5).
Abrindo as falas do painel, o gaúcho Daniel Randon, presidente da Randoncorp, exemplificou como a companhia vem adotando as diretrizes. Para o empresário, mais do que três letras combinadas, a sigla representa um tripé de desafios a serem trabalhados como oportunidade para as empresas.
Na Randoncorp, o conceito tem sido reforçado a partir de compromissos de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa, da inclusão de maior diversidade nas equipes e do olhar para os novos investimentos alinhados a esses temas.
— Acreditamos na indústria como protagonista das mudanças. Ou ela toma frente, ou ela pode ser responsável por não tomar a sua visão. Acreditamos que há muitas oportunidades e para isso há muito investimento sendo feito em inovação — disse Randon.
CEO da Dengo Chocolates, Estevan Sartoreli lembrou que a temática ESG cada vez mais tem ganhado visibilidade no mercado, mas que ainda há dificuldade de as empresas estarem familiarizadas com as suas práticas. Saber aplicá-las, portanto, é mais urgente do que apenas saber falar delas.
Na Dengo, as práticas estão inseridas em toda a cadeia do chocolate, da matéria-prima à remuneração de quem faz parte da fabricação do produto. Segundo o CEO, todo o cacau utilizado na produção dos chocolates é vindo de sistemas agroflorestais, que reduzem os impactos ambientais.
— Não haverá chocolate sustentável se não houver cacau sustentável — enfatizou Sartoreli.
Encerrando as explanações, o ativista norte-americano Michael Shellenberger ponderou o impacto de algumas ações nas mudanças climáticas e destacou avanços que já puderam ser conquistados mundialmente nos últimos anos.
Conhecido pelas posições polêmicas, Shellenberger disse que chegou a ser acusado de fake news, mas defendeu que há informações alarmadas sobre o número de desastres e de mortes envolvendo o clima. O ativista foi aplaudido ao citar a Amazônia e ao mencionar áreas ambientais que se mantém protegidas Brasil afora.
Shellenberger apresentou dados sobre consumo de combustíveis e disse que, graças a produção de energia, houve ampliação da expectativa de vida da população e garantia da produção de alimentos, por exemplo.
A programação do Fórum da Liberdade encerra nesta sexta-feira. A edição deste ano contou com o maior público da história do evento. Foram mais de 6 mil pessoas inscritas para participar. O Fórum da Liberdade é organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE).