O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar, nesta segunda-feira (22), o programa Desenrola Pequenos Negócios. A iniciativa procura ajudar microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e pequenas empresas a renegociarem suas dívidas.
O lançamento será durante um evento no Palácio do Planalto, onde ministros e representantes de organizações de apoio ao empreendedorismo estarão presentes.
O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, disse, na terça-feira passada (16), que uma medida provisória (MP) vai instituir o programa Desenrola para pessoa jurídica e um programa de financiamento a micro e pequenas empresas com faturamento de até R$ 360 mil por ano, com validade imediata e até que seja apreciada pelo Congresso Nacional.
Segundo França, o governo pretende colocar numa só MP cinco iniciativas:
- duas relacionadas ao Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte,
- outras duas da lavra da Fazenda, do ministro Fernando Haddad, sobre mercado imobiliário e dólar futuro;
- uma última sobre microcrédito ligado ao Programa Bolsa Família, gestada no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, de Wellington Dias. França detalhou que essa última ação, ainda em discussão, tem travado a assinatura da MP e, no limite, pode ser separada para entrar em ato presidencial posterior.
Desenrola Pessoa Jurídica
A primeira iniciativa da pasta das micro e pequenas empresas — a adaptação do programa de renegociação de dívidas Desenrola para esse público — vai oferecer aos empresários que aderirem seis meses de carência e juros abaixo dos praticados pelo mercado, entre 12% e 13% ao ano. Para alcançar essa redução dos juros, o governo vai oferecer como garantia aos bancos recursos do Fundo de Garantia de Operações (FGO).
O ministro afirmou se tratar de uma correção de rota, sobretudo, para empresas com faturamento até R$ 4,8 milhões, o teto do Simples Nacional, que "quebraram" após obter financiamentos por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), criado em 2020 na esteira da pandemia de covid-19. Desde então, diz ele, foram cerca de R$ 50 bilhões em financiamentos com essa origem, que assistem a uma inadimplência de 8% dos tomadores, considerada alta.
Segundo França, em meio à crise, essas empresas tomaram empréstimos a taxas de Selic mais 3%, quando a Selic estava a 4%. A taxa básica de juros, porém, chegou a 13,75% ao ano em meados de 2022, inviabilizando o pagamento de muitas dessas dívidas.
França destaca um potencial de alcançar cerca de 1 milhão de empresas, dos pouco mais das 22 milhões de micro e pequenas empresas do país, ou seja, algo próximo da faixa dos 4% e 5% de inadimplentes com bancos públicos ou privados.
Para ele, o grau de penetração do Desenrola Pessoa Jurídica vai superar o do programa análogo voltado à pessoa física, que tinha meta de alcançar oito milhões de brasileiros, mas chegou a apenas três milhões, em sua avaliação devido ao desconhecimento do programa. Na versão para pessoas jurídicas, o ministro aposta na figura dos contadores para disseminar a alternativa entre os empresários endividados.
Pro Credi 360
A outra medida da pasta de França, que também lança mão do FGO como instrumento de garantia, mais especificamente R$ 7 bilhões, é voltada a microempresas com faturamento anual de até R$ 360 mil. Com isso, o ministro projeta alavancar entre R$ 35 e R$ 40 bilhões de novos empréstimos.
— É a primeira vez que haverá uma política pública de financiamento para esse grupo de pessoas, donas de MEIs e microempresas com prevalência, prioridade. Antes, acontecia que o gerente de banco mirava empresas maiores, mas a limitação de faturamento do programa agora impede isso — disse França. O ministro destacou que uma das principais vantagens do programa é não entrar em orçamento — É um dinheiro que já existe — lembrou.