Na esteira de dois anúncios feitos nesta semana – na quarta-feira (6) pela Stellantis e na terça (5) pela Toyota –, a Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, revisou o cálculo dos aportes previstos no setor. Agora, a associação calcula em R$ 117 bilhões os investimentos ativos, considerando os ciclos iniciados em 2021.
Esse montante engloba as montadoras tanto de carros, cujos planos anunciados ou em curso passam de R$ 95 bilhões até 2032, quanto de caminhões e ônibus. No mês passado, a Anfavea divulgou uma estimativa de investimentos da ordem de R$ 100 bilhões até 2029, porém revisou o cálculo diante dos anúncios bilionários realizados nos últimos dias.
A série de investimentos foi desencadeada pelo lançamento, no fim do ano passado, pelo governo federal, dos incentivos fiscais voltados à descarbonização e segurança dos carros produzidos no Brasil. O maior deles foi anunciado pela Stellantis: R$ 30 bilhões de 2025 a 2030 (veja abaixo).
Nesta quinta-feira (7), na apresentação dos resultados do setor em fevereiro, o diretor-executivo da Anfavea, Igor Calvet, destacou que o setor vive um momento de otimismo.
— Se colocar na ponta do lápis os valores anunciados de 2021 até este ano, são R$ 117 bilhões. Apenas nos dois primeiros meses do ano, falamos em mais da metade: R$ 66 bilhões — disse Calvet.
Incentivos
Na quarta-feira, representantes da Anfavea estiveram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para defender os benefícios do Mover, programa federal que prevê, em cinco anos, incentivos de R$ 19,3 bilhões para as montadoras e que ainda depende de regulamentação.
Ao explicar por que as montadoras estão anunciando novos investimentos, a direção da Anfavea citou, além do Mover, a aprovação da reforma tributária e a volta, em janeiro, do imposto de importação sobre carros híbridos e elétricos, uma forma de o governo forçar a produção nacional das novas tecnologias.
Os principais planos
Stellantis
- R$ 30 bilhões de 2025 a 2030
- O que é: responsável pelas marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, a montadora prevê lançar 40 produtos, entre novos modelos e renovação do portfólio atual, incluindo seus primeiros carros híbridos produzidos no país.
Toyota
- R$ 11 bilhões até 2030
- O que é: a montadora japonesa vai ampliar a produção em Sorocaba, em São Paulo, e fechar a unidade de Indaiatuba, também em São Paulo.
Hyundai
- R$ 5,5 bilhões até 2032
- O que é: a coreana vai investir na fábrica de Piracicaba (SP).
Volkswagen
- R$ 16 bilhões até 2028
- O que é: a alemã aposta na produção de carros híbridos no país.
General Motors
- R$ 7 bilhões até 2028
- O que é: fabricante americana investirá em modernização das fábricas no país.
BYD
- R$ 3 bilhões
- O que é: chinesa vai operar três fábricas em Camaçari (BA), com capacidade para produzir 150 mil veículos por ano.
GWM
- R$ 10 bilhões até 2033
- O que é: empresa chinesa comprou fábrica em Iracemápolis (SP).
Caoa
- R$ 4,5 bilhões até 2027
- O que é: grupo brasileiro anunciou acordo de importação e produção de carros com a Hyundai.
Renault
- R$ 5,1 bilhões até 2027
- O que é: dentre os investimentos da empresa francesa, um será no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), visando à produção de um novo C-SUV.
Nissan
- R$ 2,8 bilhões até 2025
- O que é: japonesa vai investir na fábrica de Resende (RJ).