O sul do Estado se prepara para a safra do camarão com expectativas negativas nesta temporada. O período de pesca do crustáceo se inicia no dia 1º de fevereiro e se estende até 31 de maio.
Diferentemente dos últimos três anos, quando o Rio Grande do Sul sofreu com estiagem, 2023 foi um ano de fortes chuvas no Estado. As cheias dos rios que desembocam na Lagoa dos Patos prejudicam a reprodução do camarão, já que as águas ficam mais doces e frias. O crustáceo prefere ambiente mais quente e salinizado.
O vice-presidente da Colônia Z1, localizada em Rio Grande, Darte do Oriente, diz que a comunidade teme prejuízos no trabalho:
— Nesta semana colocamos a rede na Lagoa dos Patos para ver como estava, e não tiramos nenhum camarão. Nesta época, no ano passado, já tínhamos muito camarão na lagoa. A gente não espera uma safra grande, mas temos fé, se vier um pouquinho do camarão já nos ajuda e impede a safra negativa (com prejuízo).
No entanto, há expectativa de melhora nos próximos meses. Darte afirma que se o período for de menos chuva, isso possibilita que a água fique um pouco mais salgada e a captura é favorecida, mesmo que em quantidades menores do que as normais.
Em Rio Grande a Colônia Z1 tem 920 pescadores artesanais cadastrados que tiram deste trabalho o sustento. Também há trabalhadores que descascam os camarões, além das peixarias e restaurantes que comercializam o produto.
Em Pelotas, a expectativa negativa para esta temporada levou a prefeitura e entidades do setor a cancelarem a festa de abertura da safra do camarão. O Executivo afirmou que espera realizar um evento de fechamento, no dia 31 de maio, mas que, no momento, "não teria por que celebrar ainda”.
Pelotas conta com mais de 800 pescadores artesanais licenciados. O comitê criado pela prefeitura para tratar da pesca no município deve se reunir toda sexta-feira para avaliar a situação e os impactos para os trabalhadores.