O nome de um município catarinense costuma surgir quando o tema da construção de um novo porto no Litoral Norte é discutido por autoridades de Arroio do Sal: o de Itapoá, quase na divisa com o Paraná. A cidade dobrou de tamanho em pouco mais de uma década, saltando de 14,7 mil habitantes em 2010 para 30,7 mil no Censo de 2022, e liderou o avanço populacional no Estado vizinho entre os dois últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma das razões apontadas para a expansão urbana é o porto inaugurado em 2011, acompanhado pela promessa de maior oferta de empregos e dinamismo econômico.
Segundo a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Itapoá teve o terceiro melhor desempenho entre os cinco principais terminais daquele Estado no ano passado, com uma movimentação de 11,5 milhões de toneladas. Nos últimos anos, a praia anteriormente pacata viu surgirem prédios modernos e condomínios de alto padrão.
O prefeito de Arroio do Sal, Affonso Flávio Angst, afirma que já se percebe um impacto inicial da possível instalação do Porto Meridional na cidade mesmo antes de sua construção.
— Estimamos que, desde quando começaram as discussões sobre um porto na nossa cidade, de 2020 para 2021, houve uma valorização média de cerca de 30% no preço dos imóveis —revela Angst.
O gestor do município litorâneo usa o exemplo catarinense para estimar os possíveis ganhos para os cofres públicos com a eventual instalação da estrutura portuária:
— Antes da inauguração do porto, Itapoá tinha uma receita de cerca de R$ 30 milhões. No ano passado, ficou perto de R$ 200 milhões. Acreditamos que pode ocorrer algo semelhante aqui, sem deixarmos de ter o nosso viés turístico.
Conforme o IBGE, Arroio do Sal tem hoje cerca de 11 mil habitantes e cerca de R$ 100 milhões em receitas anuais. Para confirmar os possíveis investimentos, porém, o município também tem de fazer um dever de casa. Hoje sem tratamento de esgoto, a cidade precisa encaminhar uma solução para esse problema e assim ter permissão de alterar o zoneamento de seu Plano Diretor para que preveja legalmente a possibilidade de instalar um porto.
— Estamos finalizando um estudo e um convênio com a Aegea e o Ministério Público Federal para estabelecer um cronograma de implantação do tratamento de esgoto, para começar a operação do sistema até 2028. Temos um acordo bem encaminhado — garante o prefeito.