Em meio a um período demarcado pela estabilidade na desocupação em 23 das 27 unidades da federação, o Rio Grande do Sul se manteve com a taxa de desemprego em 5,4% no terceiro trimestre do ano, a sétima menor do país. O indicador, divulgado nesta terça-feira (22) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral, mede o percentual das pessoas que permanecem em busca de uma oportunidade de emprego.
No Estado, isso significa que nos três meses encerrados em setembro, enquanto 5,8 milhões de gaúchos estavam inseridos no mercado de trabalho, 331 mil ainda procuravam por uma colocação.
Deste total, 1,8 milhão de pessoas exerciam atividades sem registro, o que representa 31,5% das ocupações preenchidas, após redução de quase um ponto percentual na comparação com o segundo trimestre de 2023. Essa performance também garante ao RS a vice-liderança entre os Estados que mais possuem empregos formalizados.
De acordo com os dados, que são apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a dinâmica formada pelo menor contingente de trabalhadores sem registro ajudou a elevar as médias salarias no período. É o que explica o coordenador estadual da pesquisa, Walter Rodrigues, ao comentar que se trata da maior diminuição da taxa para um terceiro trimestre desde 2016, com variação de 4,5 pontos percentuais entre o segundo e o terceiro trimestre de 2023.
Menos atividades sem registro
Isso significa uma redução de 86 mil pessoas nas estatísticas da informalidade na passagem entre o segundo e o terceiro trimestre. Como o mercado informal tende a pagar os menores rendimentos, acrescenta Rodrigues, a migração de trabalhadores para ocupações com carteira assinada no intervalo ajudou a impulsionar o rendimento médio real efetivamente recebido em todos os trabalhos para R$ 3.317, o maior já registrado desde igual período em 2012.
— Essa é uma das justificativas possíveis, tendo em vista que nesse quesito de rendimentos a maioria dos Estados também apresentou estabilidade e as altas foram verificadas por aqui e em mais quatro unidades da Federação — comenta Rodrigues.
Redução de atratividade
Outro aspecto em destaque diz respeito à redução de 66,1% para 64,8% na passagem do segundo para o terceiro trimestre na chamada taxa de participação. Na prática, comenta o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, o indicador funciona como termômetro da atratividade do mercado de trabalho.
Segundo ele, a movimentação pode indicar o efeito dos benefícios sociais gerados a partir dos programas de transferência de renda a partir da pandemia e que continuam nos dias atuais.
— De alguma maneira, isso acaba por desestimular o mercado de trabalho — resume.
Frank também lembra que a ampliação dos rendimentos médios é fator positivo, mas assinala que a trajetória do mercado de trabalho, ainda que com índices de desemprego considerados baixos e certa estabilidade, dão indícios de arrefecimento da atividade econômica.
Destaques do RS no terceiro trimestre
- O RS tem o segundo maior percentual de trabalhadores com carteira assinada do país com 82,7% das vagas formalizadas, atrás apenas de Santa Catarina com 87,8%.
- São 5,843 milhões de gaúchos ocupados, 31,5% do total sem carteira assinada, taxa menor do que a registrada no segundo trimestre do ano (32,4%).
- Isso garante ao RS a quinta menor taxa de informalidade do país, atrás de DF, GO, MT e MS, com 1,8 milhão de gaúchos sem carteira assinada.
- A maior taxa de informalidade é a de Rondônia, com 45,3%. A do Brasil ficou em 39,1%, com leve alta na passagem do segundo para o terceiro trimestre com 99,838 milhões de pessoas ocupadas.
- O rendimento médio real dos trabalhadores gaúchos avançou R$ 53 entre o terceiro trimestre de 2022 e o de 2023, atingindo a cifra de R$ 3.317, a maior desde 2012.
- Trata-se da quinta melhor remuneração média entre as unidades da federação. A maior é a do Distrito Federal, com R$ 4.926.
- No país, a média ficou em R$ 2.982 no terceiro trimestre de 2023, após alta de R$ 49 na passagem entre o segundo trimestre e o período encerrado em setembro.
- Com 5,4%, o RS é o 7° Estado com a menor taxa de desocupação do país.
- Significa que 331 mil gaúchos ainda buscam por uma vaga no mercado de trabalho.
- No Brasil, essa taxa ficou em 7,7% no terceiro trimestre deste ano, o que equivale a 8,316 milhões de pessoas.