Em meio às compras de última hora para o Dia dos Pais, celebrado neste domingo (13), entidades ligadas ao setor de comércio acreditam em vendas estáveis ou pouco acima do que foi registrado no mesmo período do ano passado no Rio Grande do Sul e no principal centro de consumo do Estado, a cidade de Porto Alegre.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima total de R$ 632 milhões em vendas de presentes paternos nas lojas gaúchas, com um crescimento real — descontada a inflação — de cerca de 2,4% em relação à data do ano passado.
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS) avalia que o elevado nível de endividamento das famílias pode limitar um pouco mais as expectativas e manter os negócios no mesmo patamar do ano passado. Na manhã desta quinta-feira (10), o movimento era tranquilo nas lojas do centro da Capital.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, entende que a redução da inflação e o início de um ciclo de queda na taxa de juros resultam em um cenário mais favorável para o setor. A entidade estima que, em nível nacional, o Dia dos Pais deve movimentar R$ 7,6 bilhões tendo como principais mercados o de São Paulo, com R$ 2,4 bilhões, o mineiro (R$ 747 milhões) e o gaúcho em terceiro lugar no país. A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, é mais comedida nesta avaliação e acredita que um resultado equivalente ao de 2022 já deveria ser bem recebido:
— A inflação alta com que convivemos durante muito tempo estrangulou o orçamento das famílias e empurrou muitas pessoas para o endividamento e para a inadimplência. Estamos com resultados mais positivos em geração de trabalho, mas os salários só recuperaram recentemente os mesmos níveis de 2019, e já passamos pelo processo de normalização da economia (depois da pandemia). Em uma visão mais realista, pensar em um desempenho semelhante ao do ano passado não seria ruim.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, (CDL POA), Írio Piva também acredita em uma performance na faixa entre a estabilidade e um pequeno crescimento, de até 5% em valores nominais.
— Acreditamos em vendas próximas às do ano passado, com um pequeno crescimento. Ainda estamos vivendo reflexos de inflação e de juros altos. A boa notícia é que, embora o efeito na redução dos juros (de 13,75% para 13,25% ao ano) aconteça mais lá na frente, isso já cria um efeito psicológico positivo para o consumidor — avalia Piva.
O Sindilojas Porto Alegre apresenta a expectativa mais otimista entre as principais entidades da área: levantamento aposta em avanço de 16,5% em comparação ao Dia dos Pais de 2022. O dado se baseia em um aspecto da pesquisa segundo o qual sete em cada 10 consumidores da Capital disseram ter a intenção de gastar o mesmo ou mais do que no ano passado.
Um outro estudo, realizado pela CDL POA, aponta que a adesão dos clientes aos festejos varia conforme a geração. Do total de 695 entrevistados, 53% disseram não ter intenção de celebrar ou dar presentes nesta data. Mas, quando se analisa a importância que cada faixa etária atribui aos homenageados do domingo, os resultados variam: entre a geração Z, de 18 a 26 anos, 78% consideram a figura paterna muito importante. Esse percentual sobe para 93% entre a geração X (43 a 58 anos) e atinge 100% para quem tem acima de 59 anos. A maior parte entre todos os consultados dispostos a celebrar a data com um presente pretendia gastar entre R$ 101 e R$ 200.
Movimento tranquilo no Centro
No centro da Capital, o movimento no interior das lojas localizadas no entorno da Rua da Praia era tranquilo na manhã de quinta-feira. Boa parte dos vendedores seguia à espera da entrada de clientes, e o fluxo de pessoas dentro dos estabelecimentos ou nas calçadas era moderado. Entre os consumidores que se dirigiram ao local para providenciar um presente, estava a empresária Mari Bertol, 45 anos.
No interior de uma loja de artigos esportivos, ela fazia uma pesquisa inicial do que iria comprar para o pai, de 81 anos, e para o marido com quem tem filhos de nove e de 13 anos. A estratégia era sondar os preços para, mais tarde, tomar a decisão final.
— Como tanto meu pai quanto o meu marido são gremistas, acho que vou comprar algo relacionado ao time. Depois volto com os filhos para comprar — contou Mari.
Em uma loja próxima, a esteticista Maria de Lourdes Nascimento, 65 anos, já saía à calçada com uma sacola nas mãos:
— Como gostei do preço, comprei duas camisetas para o meu marido. Mas ainda quero comprar um calçado.
Para tentar elevar as vendas, Patrícia Palermo recomenda aos lojistas oferecer condições de pagamento (sustentáveis com o fluxo de caixa), se comunicar com clareza a respeito de opções de produtos e preços por meio das vitrines e das redes sociais, e sugerir presentes e kits para diferentes níveis de orçamento.