A missão brasileira de prospecção, nesta que é considerada a maior feira de tecnologia industrial do mundo começou, antes mesmo da abertura oficial dos portões do centro de exposições da Hannover Messe, na Alemanha, na segunda-feira (17), com um conceito chave: economia verde. É sobre essa temática que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pretende apresentar o posicionamento do país em busca de negócios e investimentos até o próximo dia 21.
Como já é tradição, a participação gaúcha, liderada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) é a mais numerosa entre as entidades e empresas que integram a delegação nacional. Dos 170 inscritos, 63 são gaúchos que representam 107 empresas.
Na abertura oficial, no domingo, o chanceler alemão Olaf Scholz antecipou o recado. O desafio, apontou, é unir tecnologia e meio ambiente. Segundo ele, o Mercosul tem papel de destaque nessa perspectiva, inclusive citando a retomada do acordo de cooperação entre o bloco sul-americano e a União Europeia como um dos trunfos para obter resultados.
E, se os caminhos levam ao Mercosul, o Rio Grande do Sul está no centro do roteiro. O vice-governador Gabriel Souza se juntou à missão na Europa. De acordo com Souza, o evento – que receberá mais de 80 mil pessoas interessadas nas novidades trazidas por milhares de empresas com atuação global – demarca as grandes pautas da atualidade.
— A demanda do planeta está direcionada para inovação e a sustentabilidade ambiental. Isso se traduz na necessidade de transição para uma energia limpa e com pouca emissão de carbono. O Estado, assim como o Brasil tem muito potencial para isso — aponta ao lembrar que o governo planeja maior atuação para o desenvolvimento do hidrogênio verde.
Esse elemento é produzido com eletricidade de fontes limpas e renováveis. É o caso das hidrelétricas, eólicas, solar, de biomassa e biogás, ou seja, sem emissão de CO2. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo o Estado apresenta boas condições nessas matrizes, razão pela qual diz perceber alterativas imediatas para atração de investimentos.
Polo antecipa que há agendas fora do ambiente da feira para a visitação de empresas, a partir dessa terça-feira. No entanto, ainda resguarda os nomes das companhias.
Em busca de parcerias estratégicas
Ao lembrar que a indústria apresentou recentemente ao governo federal um planejamento para a retomada da atividade, o presidente da Fiergs e vice da CNI, Gilberto Petry reforça que o assunto até a próxima sexta-feira, em Hannover, gira entorno da transição energética.
O dirigente afirma que a meta é tornar o país uma referência mundial nessa pauta. E isso depende, invariavelmente, diz, de parcerias estratégicas para a construção de uma economia de baixo carbono, que estimule “a eficiência no uso dos recursos naturais e seja capaz de aumentar a competitividade” dos produtos nacionais.
— Além de conhecer as tendências mundiais, os empresários brasileiros da missão têm a oportunidade de fazer contato com potenciais parceiros e fornecedores, e de prospectar tecnologias e métodos inovadores para as suas empresas — comenta.
Para isso, na edição 2023 da Feira de Hannover, o Brasil conta com o seu maior estande institucional, desde que foi escolhido como parceiro do evento do evento, na década de 1980. A delegação, além do RS, tem outras 18 Estados representados.
Por aqui, são três as apostas prioritárias para ganhar a atenção das empresas globais: descarbonização, transição energética e bioeconomia. Em outra frente, a missão oferece a oportunidade de identificar novas tendências e tecnologias, além de potenciais parceiros comerciais e em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
— É uma grande chance para direcionar as tendências e os rumos da indústria. O setor produtivo brasileiro está inserido em uma agenda que é global e representa uma oportunidade de estimular a reindustrialização com projetos que estão alinhados aos temas prioritários do maior evento de tecnologia do mundo — explica a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.
*O repórter viajou à convite da Fiergs