Com foco no papel da inovação e da tecnologia na transformação de negócios e empresas, o painel “Será que fui eu que mudei?” reuniu, nesta sexta-feira (14), o presidente do Conselho de Administração da Renner, José Galló, o presidente do South Summit Brazil, José Renato Hopf, e o CEO da Zenvia, Cassio Bobsin. O debate foi realizado no auditório principal do Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.
Hopf, que há duas semanas coordenou a realização do South Summit na Capital, destacou a importância de que exista um "ambiente adequado" para que a inovação possa ocorrer.
— Nós temos no nosso Estado e em Porto Alegre um ambiente de inovação, adequado para o empreendedorismo. Quantas sementes vocês semearam no Fórum da Liberdade? Isso é fundamental. A gente vê um ecossistema pujante, com o nosso (Instituto) Caldeira, com os nossos parques tecnológicos. Não sei se todos sabem, mas o Rio Grande do Sul tem a melhor média de startups per capita do Brasil.
Com décadas de experiência na gestão da Renner, Galló começou sua fala lembrando que não é um "nativo digital", mas um "nativo analógico que luta para ser digital". O gestor discorreu sobre o desafio de digitalizar todos os setores de uma empresa com as dimensões da Renner, que possui mais de 21 mil colaboradores.
— A mudança é muito grande. Reconfigurar uma empresa da forma normal de operação para uma empresa que se digitaliza é um negócio muito difícil. Algumas empresas sequer estão se dando conta da importância e de que isso deve acontecer. Quem não (fizer isso), vai ficar pelo caminho. Agora, para conseguir, é necessário determinação e disciplina. Isso só acontece se o grande líder, seja ele o acionista controlador, seja o executivo principal, mudar o mindset e usar todas as forças e energias para fazer essa transformação.
Apesar de reconhecer a relevância da transformação tecnológica, Galló sublinhou que a reinvenção é um meio, mas não a finalidade da gestão empresarial. Citando as práticas adotadas na Renner, o empresário afirmou que o principal foco da companhia é estar próximo do público e "encantar" o cliente.
— A grande força da Renner não é se reinventar. Ela está muito próxima do cliente. E aí, quando ela percebe que o cliente está mudando, ela se reinventa. A reinvenção não é o objetivo, mas a consequência. Em 1996, no propósito (da empresa) sempre (aparecia) a palavra "satisfação". Eu disse: "Olha, nós não vamos construir uma empresa que só satisfaça os clientes", tem de ser uma empresa que encante os clientes, que dê mais que eles querem.
Diferente de Galló, CEO da Zenvia se declarou um "nativo digital" e contou sobre as suas sucessivas experiências e tentativas de empreender com tecnologia a partir dos 18 anos. No painel, Bobsin disse que fundou a Zenvia aos 22 anos, empresa que poderia ser considerada hoje uma startup, embora ainda não recebesse esse termo na época. A iniciativa oferece soluções para o disparo em massa de mensagens para impactar os clientes por meio de diversos canais, como WhatsApp, SMS e e-mail, com o objetivo de ampliar o resultado de campanhas.
— De lá para cá, nós conseguimos ser super bem-sucedidos, reinvestindo o próprio dinheiro da empresa, dinheiro que vinha dos clientes, porque nós não tínhamos nenhum. Até que a gente chegou a abrir o capital em 2021 na Nasdaq, se tornando a primeira empresa da América Latina de software como serviço a abrir o capital nessa bolsa americana.