Um almoço, nesta quinta-feira (13), no Salão Nobre da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, deu a largada para 36ª edição do Fórum da Liberdade. Até a sexta-feira (14), mais de 40 conferencistas participam de 20 horas de painéis que têm no cardápio muitas opções de debates sobre economia, política, liberdade individual, poder judiciário, criptomoedas, agronegócio, cultura, empreendedorismo e impacto social.
Neste ano, a prévia do evento chegou à Capital com o faro aguçado para o aroma da sustentabilidade. O cardápio, que foi oferecido pela gigante chilena do setor de celulose CMPC, esteva recheado de ESG (governança corporativa, social e ambiental do Rio Grande de Sul). E não poderia ser diferente, uma vez que a empresa, com planta em Guaíba, realiza, atualmente, aquele que é considerado o maior investimento privado voltado para a construção de um alinhamento com as boas práticas ambientais.
São quase R$ 3 bilhões aportados, até 2030, na modernização das operações da fábrica gaúcha e adequação de procedimentos e infraestrutura, que serão capazes de colocar a empresa, conforme o CEO no Brasil, Mauricio Harger, na linha de frente das soluções ambientais para o segmento em que atua, não só na América Latina, mas em todo o mapa global. Mais do que isso, diz o executivo, o assunto é o DNA que funda as bases de sustentação do negócio para os “próximos cem anos”.
— É o tema para diálogo, provocação e para nortear as soluções estratégicas e atitudes arrojadas que convirjam para o meio ambiente. Revisamos a estratégia corporativa até 2030 e queremos que a nossa liderança em ESG seja o principal fator de transformação do setor para construir o futuro das operações — declarou na abertura do evento, ao lembrar que o conceito é parte da rotina não só nas esferas de decisão, e sim dos mais de 6,5 mil funcionários da companhia no Estado.
Provocações
Na sequência, a sobremesa veio em harmonia com o menu principal. A aguardada participação do jornalista Leandro Narloch, com artigos publicados no The Wall Street Journal e passagens pelas revistas Veja, Aventuras na História e Superinteressante, seguiu na mesma vertente. Bastante conhecido pela autoria do livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, o conferencista também estreou as tradicionais provocações dos participantes do Fórum da Liberdade direcionadas a alguns gestores públicos, especialmente, aqueles de maior alinhamento com o campo da esquerda.
Ao traçar um histórico do empreendedorismo e da inovação, com referências em Adam Smith — um dos grandes arautos da defesa da liberdade e do capital como fator mais preponderante para autorregular a sociedade do que os governos —, Narloch apresentou inúmeras situações em que a inovação cumpriu papel fundamental para a sustentabilidade.
— O sonho de todo empresário é ser motorista, e não passageiro. Pode-se fazer isso aumentando barreiras comerciais de entradas que afetem os negócios, ou de uma maneira melhor, com negócios que tragam soluções para produtos que só você vende ou serviços que só você tem — disse, ao inaugurara fala.
Dos combustíveis à geração de energia limpa, o conferencista descreveu a evolução das ideias comerciais e da demanda dos consumidores por novos produtos ao longo do tempo até os dias atuais. E, de acordo com Narloch, agora, em que uma “nova época” exige das empresas que produzam outras coisas, mas com menos agressão ao meio ambiente, outra vez será o capital que ocupará a posição de maquinista no trem da história:
— Uma nova época, antes coisas baratas abrangentes, aço, cimento, gasolina, agora um novo desafio, como fazer isso sem emitir carbono. Quem vai resolver, a nova presidente do Brics (em referência a Dilma Rousseff que assumiu o cargo no Banco de Países Emergentes, mais a China), o Lula? Não, são os empreendedores. A grande força de transformação para a sustentabilidade é o conjunto da inovação empreendedora, e isso já está acontecendo.